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Olavo Setubal morre aos 85 anos
Patriarca da família controladora do Itaú, 3º maior banco do país, estava internado havia 30 dias
Empresário apostou na expansão bancária por meio de fusões e aquisições, no atendimento eletrônico e
na segmentação de clientes
Ana Ottoni - 9.ago.06/Folha Imagem
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Olavo Setubal, durante entrevista à Folha em 2006, em seu escritório em SP; o banqueiro morreu ontem de insuficiência cardíaca
DA REPORTAGEM LOCAL
Morreu ontem aos 85 anos
em São Paulo o empresário
Olavo Egydio Setubal, patriarca
da família controladora do grupo Itaú, dono do segundo maior
banco privado no país.
O empresário morreu ontem,
às 8h15, de insuficiência cardíaca. Ele estava internado havia
30 dias no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Afastado do dia-dia do banco
desde 1988, quando o filho Roberto assumiu o comando do
Itaú, Olavo Setubal presidia o
conselho de administração do
banco e da Itaúsa, a holding que
reúne os diferentes negócios do
grupo, que incluem também
Itautec, Deca e Duratex.
A família tem hoje 34,22% da
holding Itaúsa, dividida quase
ao meio entre os ramos Villela
-representado por Milú Villela
e seus sobrinhos- e Setubal.
O velório ocorreu desde a tarde de ontem no saguão do centro empresarial Itaúsa, onde
até dois meses atrás o empresário ainda aparecia regularmente, e reuniu empresários, políticos, dirigentes do setor financeiro, funcionários e familiares.
O corpo será cremado hoje
após cerimônia restrita à família em São Paulo. Olavo Setubal
deixa a mulher Daisy, sete filhos e 19 netos.
Engenheiro e banqueiro
Engenheiro formado pela
Escola Politécnica da USP, em
1945, Setubal se tornou um dos
banqueiros de maior reconhecimento no país e depois no exterior após a internacionalização do grupo, iniciada nos anos
1980. O banco tem hoje presença relevante nos varejos de Argentina, Uruguai e Chile, além
de atuar em Portugal, EUA,
Reino Unido, Luxemburgo, Japão e China, entre outros.
Sob sua gestão, Setubal levou
o Itaú de uma influência restrita ao Estado de São Paulo, até o
início dos anos 1960, ao posto
de segundo maior banco privado do país, já nos anos 1970.
Criou ainda o primeiro banco
de investimento do país, o Banco Federal Itaú de Investimentos, após a reforma na lei bancária de 1965.
Foi o maior incentivador da
expansão bancária no país por
meio de fusões e aquisições,
sendo a última grande aquisição a dos ativos latino-americanos do Bank of America, no início de 2006, que permitiu a incorporação do BankBoston.
O banqueiro também foi entusiasta dos serviços on-line,
introduzindo os primeiros caixas eletrônicos no país ainda
em 1981. Apostou na segmentação da clientela por faixa de
renda, com a atribuição de estrelas, que depois popularizou
o negócio que se tornou o cheque especial brasileiro.
Em 1995, após a compra do
BFB (Banco Francês e Brasileiro), o banco criou a bandeira
Itaú Personnalité, que inspirou
o atendimento e serviços diferenciados para alta renda.
O Itaú emprega hoje cerca de
69 mil pessoas, em mais de
2.500 agências, e atende um
público de 24 milhões de clientes. Entre os bancos brasileiros,
lidera nos segmentos de alta
renda, gestão de fortunas, cartões, financiamento de veículos
e grandes empresas.
Segundo a consultoria Economática, o Itaú tinha ontem
um valor em Bolsa estimado
em US$ 53,021 bilhões, o oitavo
maior entre os bancos das
Américas.
Em 2004, a revista "The Banker", especializada em sistema
financeiro e que elabora ranking internacional de instituições do setor, elegeu o Itaú o
"melhor banco brasileiro".
Olavo Setubal entrou na vida
pública pelas mãos do então governador Paulo Egydio Martins, em 1975, quando assumiu
a Prefeitura de São Paulo. Na
cidade, redefiniu o plano viário,
canalizou rios e foi o responsável pelos bulevares fechados a
veículos do centro velho.
Voltou novamente à política
em 1985, quando foi nomeado
ministro de Relações Exteriores do governo José Sarney. Ele
teria sido sondado por Tancredo Neves, então presidente
eleito, para assumir o Ministério da Fazenda.
Setubal retirou-se da vida
pública em 1986, quando perdeu a convenção do então PFL
(Partido da Frente Liberal) para se candidatar ao governo
paulista.
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