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COMÉRCIO
Produto diferenciado melhora ganhos obtidos com exportações
Design muda a imagem do Brasil em outros países
BERTA MARCHIORI
DO PAINEL S.A.
Se há alguns anos o Brasil era
conhecido apenas como exportador de insumos e commodities,
hoje o mundo já volta sua atenção
também para os nossos produtos
mais sofisticados. E o design tornou-se o grande diferencial. O investimento na área tem modernizado a pauta de exportação do
país e mudado a imagem do produto brasileiro no exterior.
Qualidade e preço competitivo
continuam imprescindíveis, mas
beleza, funcionalidade e inovação
passaram a ser fundamentais para conquistar novos -e exigentes- mercados externos.
Não é só a imagem do país que
está em jogo. Segundo a Apex
(Agência de Promoção de Exportação), órgão ligado ao Ministério
do Desenvolvimento, cada tonelada de produtos de alto valor
agregado exportados gera, em
média, receita equivalente a 15 toneladas de matérias-primas ou
commodities.
"O design é responsável pela
transformação na evolução das
exportações brasileiras e é a base
de sustentação para o crescimento futuro das vendas externas",
diz Juan Quirós, presidente da
Apex. "É o grande diferencial para entrar no mercado internacional", completa.
A tese é confirmada por Flávio
Soares, diretor de exportações da
Deca. "O design não só agrega valor ao produto como abre portas.
As pessoas não querem comprar
mais um produto, e sim um estilo
de vida", afirma o executivo.
A empresa, cujas exportações
têm crescido mais de 50% ao ano
nos últimos dois anos, se prepara
para a sua primeira venda para a
China, em setembro. O desempenho, diz, se deve especialmente ao
design, escolhido há quase dez
anos como principal de estratégia
de reposicionamento da marca.
O investimento na área não
produz somente resultados financeiros. Um modelo de lavatório
da Deca, por exemplo, foi um dos
25 produtos brasileiros premiados neste ano no alemão If Design, considerado o Oscar do design. E uma certificação internacional desse porte facilita, e muito, a entrada em novos mercados.
"[A premiação] abre portas",
declara o joalheiro Antonio Bernardo, que teve dois anéis premiados no If Design -um deles
recebeu o If prata e ainda outro
prêmio, o Red Dot. O designer está começando a conquistar os
mercados externos, mas é um
exemplo de quem sempre teve o
design como diferencial mercadológico (leia texto nesta página).
Mas nem só de "Oscars" vive o
design. O importante é adaptar a
o produto ao desejo do público-alvo. A compra não é realizada só
racionalmente, o aspecto emocional é fundamental, explica Marcos Cobra, professor do departamento de marketing da Fundação
Getúlio Vargas. E o design tem
papel crucial, diz, já que é essencial na construção da marca.
Um exemplo disso é o utilitário
esportivo Ford EcoSport, o primeiro desse tipo totalmente criado e fabricado no Brasil. O produto, desenvolvido a partir de pesquisas detalhadas com seu público-alvo, foi lançado há 18 meses e
já responde por 37,9% das exportações de automóveis da Ford, diz
Dante Sante Andrea, diretor de
exportações da empresa.
As vendas externas do modelo
passaram de 19.023 unidades, de
março a dezembro de 2003, para
21.831 unidades de janeiro a julho
deste ano. Para Márcio Alfonso,
engenheiro-chefe de desenvolvimento de produtos da Ford, o design explica o sucesso das vendas.
"O design é uma das melhores
formas de comunicação."
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