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ANÁLISE
Ação da Opep pode não saciar demanda mundial
DO "FINANCIAL TIMES"
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)
planeja esfriar os preços do petróleo com uma proposta de suspensão de seu sistema de cotas -um
dos pilares básicos da política do
cartel petroleiro mundial-, mas
isso talvez não seja suficiente para
acompanhar a atual demanda
mundial pelo produto, que vem
subindo em seu ritmo mais rápido em 16 anos.
Uma pessoa próxima à Opep informou que uma suspensão temporária das cotas era uma das
questões que constam da agenda
para a próxima reunião da organização, em Beirute (Líbano),
nesta semana.
A idéia será discutida inicialmente na reunião do subcomitê
ministerial de acompanhamento,
na quarta-feira de manhã, na capital libanesa. Se aprovada, será
debatida na reunião entre os ministros do Petróleo da Opep, no
dia seguinte.
"Se é isso o que o mercado deseja, nós faremos a recomendação.
Só estamos tentando trazer ordem e estabilidade aos preços do
petróleo", disse a fonte.
Ainda que a sugestão tenha sido
especialmente bem recebida pelos países consumidores de petróleo, ela também suscita novas
preocupações.
Se a Opep, que responde por
cerca de 38% da produção mundial de petróleo, vai trabalhar em
máxima capacidade ao longo do
trimestre em curso, quando a demanda é relativamente baixa, surge a questão de como o pico de
demanda sazonal do quarto trimestre poderá ser enfrentado.
"Não podemos resolver todo o
problema dos preços elevados para o petróleo. Precisamos de ajuda
dos demais produtores e dos países consumidores, que devem
moderar a sua demanda", disse a
pessoa familiarizada com a Opep.
"Nós estamos muito surpresos
com a força da demanda da China", completou.
Previsão
A AIE (Agência Internacional
de Energia), que fiscaliza o setor
de energia mundial sob os auspícios da OCDE (Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), prevê que a demanda mundial de petróleo atingirá
os 82,5 milhões de barris ao dia no
último trimestre de 2004, ante a
projeção de 78,7 milhões de barris
ao dia no trimestre em curso.
"Se a Opep começar a produzir
em capacidade máxima agora, e
precisarmos de mais 4 milhões de
barris ao dia no final do ano, não
creio que possamos obtê-los dessa fonte", disse Ghraham Sharp,
diretor de operações de petróleo
da Trafigura (multinacional da
área de energia e metais).
Os comentários de Viktor
Khristenko, um dos principais
funcionários do setor de energia
do governo russo, nesta semana,
oferecem pouco consolo para a
Opep ou para os mercados mundiais de petróleo.
Ele disse que as exportações e o
abastecimento interno de petróleo russos estavam enfrentando
sérios gargalos. A duplicação das
exportações russas de petróleo,
nos últimos seis anos, acomodou
dois terços do crescimento de
quase 7 milhões de barris ao dia
registrado pela demanda mundial
no período.
Resultado
As tentativas da Opep para esfriar os preços tiveram efeito, com
o preço norte-americano de referência para o petróleo cru caindo
em quase 5% ante o seu pico de
US$ 41,72 por barril, na segunda-feira, e fechando na sexta-feira a
US$ 39,88 em Nova York.
Mas as preocupações quanto à
capacidade da oferta para atender
à procura, no futuro, mantiveram
os preços próximos dos US$ 40
por barril.
A Opep também propôs aumentar suas contas entre 2 milhões e 2,5 milhões de barris diários, ante o teto atual de 23,5 milhões de barris ao dia, que continua abaixo da produção efetiva
da organização, da ordem de 25,8
milhões de barris diários.
A AIE estima que a capacidade
sustentável de produção de petróleo da Opep fique pouco abaixo
dos 28 milhões de barris diários.
Tradução de Paulo Migliacci
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