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entrevista
Estado medirá impacto, afirma secretária de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo paulista prepara estudo para mensurar os
efeitos da falta de gás natural
para o setor industrial. A seguir, trechos da entrevista
com a secretária de Energia
do Estado, Dilma Pena.
(AB)
FOLHA - Para o governo, o Estado vive um "apagão" do gás?
DILMA PENA - A situação atual
é de um "apagão". Existe suprimento, mas é limitado, o
que não permite expansão.
FOLHA - O governo já mensurou
a perda de crescimento com a falta de gás natural?
PENA - Estamos agora fazendo essa mensuração. Setores
como o têxtil, o químico e o
cerâmico não estão expandindo suas unidades industriais por falta de segurança
no suprimento do gás natural. Vamos avaliar quanto as
empresas estão deixando de
se expandir.
FOLHA - Qual é a demanda de
gás do Estado junto à Petrobras?
PENA - Até 2011, São Paulo
precisa de mais 3 milhões de
metros cúbicos por dia.
FOLHA - A Petrobras tem um
plano, o Plangás, que pretende
elevar a produção em curto prazo. O governo está acompanhando a implantação do Plangás?
PENA - Não posso dizer que
os cronogramas estão sendo
seguidos à risca. Temos o
"Relatório Perspectiva Petrobras 2008", que nos dá algumas informações. Sabemos que o gasoduto Vitória-Cabiúnas já entrou em operação, ampliando em 6 milhões de m3/dia o volume para a região Sudeste. Isso, somado aos 15 milhões de m3/
dia já disponíveis para a região, fez a oferta subir para
21 milhões de m3/dia. Há
uma previsão que ao longo
deste ano o Plangás amplie a
oferta para 40 milhões de
m3/dia -mais 19 milhões de
m3/dia até dezembro.
FOLHA - Mas dá tempo de alcançar os 40 milhões de m3/dia? Metade do ano já passou.
PENA - Eu tenho dúvidas. A
Petrobras tem um plano
muito forte. A direção de gás
e energia tem mobilizado os
instrumentos. Mas são projetos de difícil maturidade.
FOLHA - Qual é o problema?
PENA - Os projetos estão
concentrados na Petrobras.
A Lei do Gás, que poderia
ajudar, se fosse mais flexível,
está emperrada no Senado.
Mais do que isso. O leilão da
9ª rodada aconteceu no ano
passado sem os 41 blocos. A
8ª rodada está emperrada.
Não temos um calendário sobre o lançamento de novas
rodadas, tampouco a situação do que não foi licitado da
9ª. Há um certo marasmo
que precisa ser vencido.
FOLHA - Mas novas rodadas nada resolvem no curto prazo.
PENA - Não resolve nada até
2010. O que resolve até 2011
é viabilizar o GNL (gás natural liquefeito, com instalações de estações de regaseificação previstas para a baía da Guanabara), a produção nos
campos Merluza/Lagosta
(na bacia de Santos), a ampliação da produção na bacia
do Espírito Santo e a produção no prazo definido para
2009 no campo de Mexilhão.
FOLHA - Está claro o destino a
essa nova oferta de gás?
PENA - O que o governo federal diz e pratica é que a prioridade um é a produção de
energia elétrica nas térmicas. Tanto que tem desviado
o gás, e até óleo, para as térmicas. A posição defendida
por São Paulo é a seguinte: é
muito importante manter o
suprimento de gás para o setor industrial no Estado. São
Paulo representa a grande
parcela da produção industrial do país. A Petrobras precisa de parcerias, buscar
musculatura tecnológica e
de capitais das grandes companhias mundiais para explorar e oferecer gás a um
preço compatível.
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