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Mercado Aberto
GUILHERME DE BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Fracasso de Doha mostra novo equilíbrio de poder, diz Fiesp
O fracasso da Rodada Doha,
depois de sete anos de negociações, pode não provocar grandes mudanças em relação à tendência do comércio exterior,
mas certamente mostra uma
nova geografia de poder.
O resultado das negociações
deixa claro que, hoje, os Estados Unidos e a União Européia
já não concentram o poder das
decisões. Nessa nova configuração, a China, a Índia e o Brasil
passam a ter mais influência
nas negociações comerciais, sobretudo na área agrícola.
A avaliação é do ex-embaixador Rubens Barbosa, presidente do conselho de comércio exterior da Fiesp, ao analisar as
conseqüências de mais uma
frustração da Rodada Doha.
"A principal conseqüência é
que mudou o equilíbrio de poder no mundo", diz Barbosa.
"Os Estados Unidos e a União
Européia já não conseguem
mais enfiar goela abaixo do
mundo qualquer decisão na
área do comércio exterior."
A contrário do governo, Rubens Barbosa sempre foi um
defensor da tese de que nenhum acordo é melhor do que
um acordo possível. Seu argumento é que, dependendo do
que fosse aprovado, o risco seria de um retrocesso.
Além disso, havia muitos
problemas políticos. Seria muito difícil, por exemplo, a aprovação de um acordo pelo Congresso americano, com nítida
inclinação protecionista e em
fim de mandato de Bush.
A grande dúvida é saber como o governo brasileiro vai agir
daqui para a frente em relação
aos países emergentes, já que a
posição do Brasil divergiu tanto
do G20 como da Argentina. Para Rubens Barbosa, se for manter a coerência, a diplomacia
brasileira deveria, a partir de
agora, abandonar a prioridade
ao comércio Sul-Sul.
"Por questão de coerência, o
Brasil deveria defender, a partir de agora, o comércio bilateral", diz Barbosa.
Nesse clima de divergência,
Paulo Skaf, presidente da
Fiesp, irá liderar no próximo final de semana uma delegação
de cerca de 200 empresários
para participar de um seminário na segunda-feira em Buenos Aires. O encontro terá a
participação do presidente Lula e da presidente Cristina
Kirchner.
Skaf não teme nenhuma represália por parte dos argentinos, apesar do descontentamento da diplomacia do país vizinho com a posição brasileira.
"O resultado de Doha não pode atrapalhar a relação dos dois
países. A vida continua", diz
Skaf. "O Brasil adotou a posição
correta e contou com o apoio da
indústria."
CONFRARIA
A Schincariol lança hoje, no restaurante D.O.M., em
São Paulo, a Sociedade Baden Baden, formada por um
grupo de apreciadores da cerveja. Durante a festa, o
chef Alex Atala apresentará pratos que podem ser
apreciados com a bebida fabricada em Campos do Jordão. "A cerveja está ganhando status de vinho e queremos trazer o conceito de harmonização com a alta gastronomia", diz Fernando Terni, presidente do grupo
Schincariol.
NA ATIVA
Paulo Skaf (Fiesp) foi operado do joelho esquerdo na
noite de segunda depois de
ter rompido os meniscos
quando jogava paintball
com os filhos no domingo,
em Campos do Jordão. Antes, ele havia montado por
três horas a cavalo. Ontem,
ele deixou o hospital e foi dar
expediente na Fiesp, de muletas e cadeira de rodas.
PÉROLA
O engenheiro Thomas
Gierlevsen, responsável pela
ilha artificial The-Pearl-Qatar (a pérola Qatar), vem ao
Brasil participar do Architectour, que começa no dia
7, em Florianópolis.
PRIMEIRA CLASSE
A TAM prepara uma nova
configuração para a sua primeira classe e a executiva
em vôos internacionais. O
design será lançado em setembro e é acompanhado
por Maria Claudia Amaro,
filha de Rolim Amaro e
membro do Conselho de Administração, e por David Barioni, presidente da TAM.
TALENTO
A construtora Rossi investe R$ 9 milhões para desenvolver um programa de retenção de talentos. A partir
de consultoria do HayGroup, a empresa reavaliou
a política de remuneração. A
Rossi tem 840 profissionais.
SEM LENÇO E SEM DOCUMENTO
Jairo Viviani, diretor da Aquamare, que tem tecnologia para obter água potável a partir da água do mar desde 2000; a empresa não consegue vender a água envasada H2Ocean no Brasil porque o produto não se enquadra em nenhuma categoria da Anvisa; "nossa intenção era focar no mercado brasileiro, mas [sem a regulamentação] prefiro correr para os EUA", diz Viviani, que já fechou contratos no país para a segunda quinzena de agosto
CRÉDITO
INADIMPLÊNCIA DAS EMPRESAS CAI 2,5% ATÉ JUNHO, APONTA SERASA
Apesar do crescimento da inadimplência das pessoas físicas no primeiro semestre, o mesmo não aconteceu com as
empresas. É o que aponta o Indicador Serasa de Inadimplência de Pessoa Jurídica, que recuou 2,5% no acumulado de janeiro a junho deste ano. Na variação mensal de junho em relação a maio, o recuo foi de 5,7% e, em comparação com junho de 2007, houve queda de 1,1%.
com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI
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