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Governo prepara nova rodada de reajuste do funcionalismo
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula
da Silva prepara duas novas
medidas provisórias para reajustar os salários de 54 carreiras do funcionalismo federal,
incluindo as categorias da elite
do Executivo.
Trata-se da última etapa da
rodada de reajustes iniciada em
maio, quando foram beneficiados cerca de 800 mil civis e 600
mil militares, incluindo aposentados e pensionistas. As
próximas MPs, que devem ser
editadas até a próxima semana,
atingem algo como 350 mil servidores civis.
O pacote acrescentou R$ 7,6
bilhões ao total reservado aos
novos gastos com pessoal no
Orçamento deste ano, que já
contava com R$ 3,5 bilhões. Ao
todo, as despesas com o funcionalismo deverão chegar a R$
133,3 bilhões.
Uma das MPs contemplará
as carreiras típicas de Estado,
como policiais federais, advogados da União, auditores fiscais, diplomatas e gestores.
Nesse grupo, trava-se uma disputa pelo topo salarial do Executivo, hoje ocupado pelos delegados e peritos da PF, com R$
19 mil mensais.
A outra MP será voltada para
categorias remanescentes, caso
de servidores do Instituto Nacional do Seguro Social, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística e do Departamento
Nacional de Infra-Estrutura de
Transportes.
O ministro do Planejamento,
Orçamento e Gestão, Paulo
Bernardo, afirmou ontem que o
impacto total das medidas no
Orçamento será de R$ 11 bilhões anuais.
"As MPs já estão na Casa Civil, que está fazendo uma conferência da parte jurídica e orçamentária. Devemos mandar
ao Congresso provavelmente
nesta semana", disse o ministro
ontem, após palestra no Ibef
(Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças), no centro
do Rio.
Bernardo procurou justificar
os reajustes a funcionários da
elite."Procuramos valorizar em
função da formação, do currículo do servidor", afirmou Bernardo. Ele ressaltou, porém,
que categorias "tradicionalmente deprimidas" serão beneficiadas com um reajuste
maior. "Não é um índice só para
todo mundo", disse, citando como exemplo o caso dos doutores, que terão aumento de mais
de 100%.
No governo Lula, esse é o segundo e maior pacote de reajustes gerais para os funcionários públicos, cujos sindicatos
estão entre as principais bases
políticas do PT. O primeiro foi
concedido em 2006, também
um ano eleitoral.
Déficit externo
Paulo Bernardo, ainda no
Ibef, disse que o déficit nas contas externas não é uma tendência irreversível. Ele atribuiu o
mau desempenho no primeiro
semestre à crise internacional.
Anteontem, o Banco Central
revelou que o país acumula um
resultado negativo de US$ 17,4
bilhões no ano, recorde para o
período.
"Houve um grande aumento
no volume de remessas, que
mostra que as multinacionais
sediadas no Brasil mandaram
dinheiro para socorrer as matrizes", disse. "Temos que olhar
com atenção, mas não estou
convencido de que seja uma
tendência irreversível."
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