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Falta de terras é desafio para pecuária em dez anos
Setor pode perder área equivalente ao Ceará e a Sergipe
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A pecuária passará por substanciais mudanças nos próximos dez anos. Vai perder 17 milhões de hectares de área -Estados do Ceará e de Sergipe,
juntos- para outras atividades,
migrar para o Norte e o Nordeste, enfrentar escassez de terras,
ter alta de custos, sofrer pressões ambientais e conviver com
protecionismo externo.
A favor, a pecuária terá avanço no ganho de produtividade,
utilização de mais bois no mesmo espaço, abate de animais
antecipados para 24 meses (hoje em torno de 30 meses),
maior demanda por carne e disponibilidade de disputar com
outras atividades os 100 milhões de hectares de terras degradadas que existem no país
-40 milhões deles no Norte.
Essa disputa por terra, no entanto, vai ser difícil devido à crise dos alimentos e à boa remuneração das commodities. Vão
ocupar essas terras as atividades que proporcionarem maior
remuneração aos produtores.
A análise é de José Vicente
Ferraz, da AgraFNP, empresa
que lançou ontem o "Anualpec"
-anuário de acompanhamento
da pecuária. Na avaliação de
Ferraz, o rebanho brasileiro,
que teve forte redução nos últimos anos, recupera-se aos poucos e passa dos atuais 170 milhões de cabeças para 183 milhões em 2017.
Após abate acentuado de animais, especialmente de fêmeas,
devido aos preços baixos praticados no setor, a pecuária vive
momentos de alta. Mas esses
reajustes de preços não se convertem em lucros para o setor.
Os frigoríficos, com a falta de
animais para abate e a alta dos
preços, perderam margem de
lucro. O recriador e o invernista
estão como margens próximas
às do período de preços baixos.
Já o criador tem maior margem, mas também está com
custos elevados.
Na ponta, o consumidor paga
um preço alto, que não mostra
sinais de queda. "Há uma crise
de produção em que os preços
elevados não refletem a rentabilidade. E o que estimula o
produtor é o lucro", diz Ferraz.
Só no fim de 2010 e no início
de 2011, quando houver a recomposição do rebanho, o setor
voltará a se equilibrar. No meio
de caminho, frigoríficos perderão gordura e os de menor fôlego podem quebrar, diz Ferraz.
Apesar desse cenário ruim a
curto prazo, o Brasil ganha espaço no mercado mundial nos
próximos dez anos. As exportações devem crescer 32% em
quantidade e 39% em valor.
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