|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INTERCÂMBIO
Sars preocupa estudante que vai ao Canadá
THAIS MORENO VILLAÇA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Nos últimos três anos, o Canadá
despontou como um dos destinos
favoritos de brasileiros que pretendem estudar no exterior. Empatado com os Estados Unidos e o
Reino Unido no ranking de preferências, o país acabou beneficiado
pelo ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, que levou os EUA
a perderem a liderança isolada
entre os brasileiros no mercado
de intercâmbio.
Mas um novo imprevisto pode
mudar esse cenário. Na última
terça-feira, a Organização Mundial da Saúde colocou Toronto,
maior cidade do Canadá, novamente na lista das áreas afetadas
pela Sars (síndrome respiratória
aguda grave, na sigla em inglês).
O anúncio trouxe preocupação
a quem planeja temporada no
país. Até a semana passada, a Sars
havia provocado 27 mortes, além
de 350 casos de suspeita de contaminação em solo canadense.
Por enquanto, as agências de intercâmbio afirmam não registrar
queda na procura pelos pacotes.
O que acontece com mais frequência é a troca de bilhetes, de
Toronto para cidades como Montréal, Ottawa e Vancouver.
Na Student Travel Bureau (STB)
houve apenas adiamentos, informa a gerente de marketing, Cláudia Martins. "O brasileiro não se
deixa intimidar pelo terror", afirma, acrescentando que a opção
por estudar fora do país costuma
ser "muito bem pensada" antes de
ser efetivada, o que diminui a
chance de imprevistos cancelarem definitivamente os planos.
A gerente da Experimento Intercâmbio Cultural, Cláudia Ridolfi, também afirma que não
sentiu ainda reflexos da síndrome. "Em 2002, 40% dos nossos
clientes escolheram o Canadá. De
janeiro até março deste ano, esse
percentual já é de 35%. A pneumonia não afetou as vendas."
Do lado dos estudantes, porém,
existe receio de que o problema
de saúde pública no país piore.
Fernanda Sayuri Watai, 25, embarca para Toronto no próximo
dia 16 para fazer um curso de seis
meses. Sua família a aconselhou a
não ir, mas ela se diz tranquila:
"Liguei para uma amiga de lá, que
falou que o medo vem de fora".
O co-piloto Alexandre Calvetti
Gonzales, 33, que também se prepara para uma temporada em Toronto, declara que, se a situação se
agravar, pretende voltar para o
Brasil. Mas, para ele, o Canadá
tem condições de higiene boas o
suficiente para conter a epidemia.
A diretora financeira da Belta,
associação que reúne cerca de 60
instituições que promovem cursos e intercâmbios no exterior,
Wanda Maria Silva, compara a situação vivida pelo Canadá com a
guerra no Iraque. "Eu acho que a
notícia de guerra para os programas nos Estados Unidos foi mais
forte do que a pneumonia asiática
de um modo geral. Uma guerra
assusta mais o brasileiro do que
um surto de doença", compara.
Brasileiros no Canadá
A engenheira de alimentos Ana
Paula Cuccio, 32, está fazendo um
curso em Toronto, onde ficará
por mais seis meses. "Hoje, vivendo aqui, não tenho medo de contrair Sars. Antes de vir, senti muito medo e até pensei em mudar
meus planos de viagem", conta.
Natália Barbosa do Nascimento,
18, está em Toronto desde janeiro.
Apesar de ela se dizer tranquila
quanto aos riscos à saúde, a mãe
de Natália, Regina Florenço, está
preocupada. Seu receio é o de que,
caso algo aconteça, ela não possa
entrar no Canadá para ajudar a filha nem conseguir trazê-la de volta, caso seja internada.
Texto Anterior: Experiência nas férias tem duas faces Próximo Texto: Qualificação e oportunidades - Bolsas: Instituto vai financiar 25 mestrandos em tecnologia Índice
|