São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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AFLIÇÃO DE ESTUDANTE

Visão distorcida do mercado é o 1º entrave

Fernando Moraes/Folha Imagem
Carolina Ávila estuda para seguir outra carreira depois da decepção com a hotelaria


RENATO ESSENFELDER
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ansiedade, falta de experiência, domínio de apenas um idioma. Na avaliação de 3.881 universitários paulistas, esses são os "bichos-papões" dos jovens na hora de buscar o primeiro trabalho.
A conclusão é fruto de uma pesquisa, feita pelas consultorias especializadas em seleção e treinamento Companhia de Talentos e Lab.SSJ, que aponta como os estudantes vêem os seus pontos fortes e fracos.
O trabalho mostra que os universitários sabem o que as empresas procuram, pelo menos na teoria. Por outro lado, estão desinformados sobre os chamados "fatores excludentes" nas seleções.
"Os jovens acreditam que as empresas solicitam experiência para programas de estágio e trainee, e isso não é verdade. Nenhuma companhia quer experiência de um universitário. Isso é uma falta de informação", avalia Sofia Esteves do Amaral, sócia-diretora da Companhia de Talentos.
Segundo ela, os dois "defeitos" mais citados no estudo, ansiedade (61% das menções) e inexperiência (44%), têm peso baixo como critério de contratação de jovens.

Lado bom
Para a gerente de recursos humanos da Natura, Cristina Liberado, a principal "desvantagem" citada pode ser vista como positiva. "Ansiedade só é ruim quando mal administrada. Se for bem usada, ajuda a mover as pessoas até os seus objetivos", afirma.
A gerente de recrutamento e seleção da Unilever, Monica Ramos Pinto, completa: "A inexperiência não atrapalha os candidatos. Sabemos que essa pode ser a primeira atuação profissional deles". Por outro lado, ela confirma que "o idioma é, sim, critério de corte".
Só que, mesmo tendo grande peso, saber línguas não é garantia de contratação. Carolina Castello Ávila, 20, por exemplo, fala inglês e francês e está à procura de vaga.
Ela cursou um ano de hotelaria e depois desistiu da faculdade, devido à "ausência de perspectivas profissionais". "Não sei se o problema foi a falta de experiência ou o fato de haver muita gente qualificada para poucas vagas", diz.

Naturalidade
Esses obstáculos, porém, são contornáveis. Sérgio Dantas, 23, aluno do quarto ano de administração de empresas na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), diz que, na hora de conseguir o primeiro emprego, o maior desafio foi a inexperiência.
Mesmo assim, ganhou a vaga. "Por ser uma pessoa desenvolta, encarei a minha primeira entrevista com naturalidade. Acho que esse é o segredo", ensina.
Já o estudante de direito Luiz Augusto de Souza e Silva, 18, se diz tímido, o que dificulta "agir naturalmente", segundo ele. Para ganhar alguma vivência profissional, optou por trabalhar no escritório de advocacia dos pais.
"Daqui a uns dois anos quero passar para outro escritório. Até lá já terei uma experiência boa." Como é escoteiro, Souza e Silva afirma que saber trabalhar em equipe pode ser um bom diferencial para o seu currículo quando sair à caça de outro trabalho.



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