São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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Jovem incorpora o "não faço o que eu digo"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Pare e responda rápido: o que é saber atuar em equipe? Você é criativo no trabalho? Ser flexível significa exatamente o quê?
No entendimento dos diretores de RH de cinco empresas (BankBoston, IBM, Natura, Nestlé e Unilever) tidas como "ideais" pelos entrevistados da Companhia de Talentos e do Lab.SSJ, é grande a distância entre a percepção dos patrões e a dos candidatos.
"Quando eles [universitários" chegam a uma companhia, demonstram pouca flexibilidade, pouca criatividade e não conseguem tomar iniciativas que tragam resultados. Eles têm noção do que o mercado procura, então tendem a dizer o que os empregadores querem ouvir, mesmo sem saber o que significa", diz Alexandre Santilli, sócio do Lab.SSJ.
Segundo ele, em resumo, todas essas habilidades deveriam estar mais focadas em uma meta para as companhias: trazer lucro.
"Iniciativa e trabalho de equipe são diferenciais importantes, mas cada vez mais difíceis de achar", completa Patrícia Rebelo Silvestre, diretora-adjunta de recursos humanos do BankBoston.
Para a gerente de talentos da IBM Brasil, Luciana Camargo, afinar as percepções de empregadores e empregados é um "desafio de empresas e universidades". "Temos de evitar o distanciamento. Nesse sentido, os estágios são muito positivos", recomenda.

Papel da empresa
Se, por um lado, os candidatos têm a obrigação de aprender a controlar a ansiedade, de estudar idiomas e de se informar sobre o funcionamento das companhias nas quais pretendem atuar, por outro, as empresas também têm de auxiliar nesse processo.
"A pesquisa serve para as empresas entenderem as expectativas dos jovens universitários e ajustarem os seus programas de estágio e trainee", afirma Sofia Esteves do Amaral, sócia-diretora da Companhia de Talentos.
Os empregadores também podem contribuir para diminuir a ansiedade dos candidatos, diz ela. Com iniciativas simples, como esclarecer cada fase do processo de seleção, os jovens já tendem a ficar mais calmos, por exemplo, do que quando não sabem "o que virá depois" de cada etapa.
Efetivar os estagiários é outra demanda dos estudantes que pode ser atendida para reter os melhores talentos e estimular a entrada de novos candidatos.

Para toda obra
Outra conclusão que pode ser tirada do estudo é que os universitários estão mais "abertos". "Os jovens querem uma experiência profissional em qualquer segmento, em qualquer área de atuação. Só mais tarde definem com clareza qual área querem seguir ", diz Sofia Esteves do Amaral.
É o caso de André Luiz Moreno, 19, aluno de turismo na Unibero. "Aflito" para começar a trabalhar logo, ele diz não ter problemas para atuar em outros ramos -até porque considera difícil obter emprego no setor em que estuda. "Na área de turismo, o mercado é muito seletivo, já pedem uma "terceira língua fluente" e oferecem horários absurdos de trabalho."



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