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ESPAÇO REDUZIDO
Previsão do governo é chegar a 10 mil em 2006, mas iniciativa privada não absorve demanda
Brasil bate marca de 8.000 doutores por ano
BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
São poucos os profissionais com
título de doutor atuando em empresas do país nas áreas de pesquisa e desenvolvimento.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que são cerca de 41 mil as
pessoas ocupadas com pesquisa e
desenvolvimento em empresas
brasileiras. Dessas, segundo projeções de especialistas, apenas
cerca de 750 têm doutorado
-número equivalente à média
anual de doutores contratados
por empresas na Inglaterra.
Enquanto isso, não pára de crescer o número de doutores formados no país. Em 2003, o Brasil formou 8.094 novos doutores, número 18,3% maior do que o alcançado em 2002. Até 2006, segundo
o Ministério de Ciência e Tecnologia, o país deve passar a titular
10 mil doutores por ano.
De acordo com os especialistas,
no entanto, não há excesso. "É um
erro pensar que há doutores demais. O aproveitamento deles nas
fábricas é que é muito baixo", diz
o reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Carlos
Henrique de Brito Cruz.
Pesquisa da Anpei (Associação
Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras) feita com 334
firmas que investem em pesquisa
e desenvolvimento indica uma
média de 0,8 doutor por empresa,
número considerado baixo.
"Em países desenvolvidos, como EUA e Alemanha, 63% dos
dispêndios em inovação tecnológica são feitos pelo setor empresarial. No Brasil, só 37% dos investimentos são feitos nas empresas.
Com isso, o mercado de trabalho
[em pesquisa] é bem menor",
aponta Ronald Martin Dauscha,
presidente da Anpei e diretor de
gestão corporativa de tecnologia
da Siemens no Brasil.
A preocupação com o número
de doutores que conseguem uma
colocação na iniciativa privada
tem fundamento. Em média, a
contratação de cada doutor cria
entre dez e 15 outros empregos
para pesquisadores mestres, bacharéis ou técnicos. Além disso, a
entrada desses profissionais nas
empresas é estratégica para que o
investimento feito pelo país na
formação deles possa ser revertido em crescimento econômico.
O aumento da quantidade de
doutores obedece às determinações do mercado de trabalho.
"A exigência de titulação é cada
vez maior. A graduação é uma
obrigação. Um executivo de primeira linha precisa de especialização, de MBA e, se possível, de
doutorado. Mas a qualificação é
sempre um diferencial, nunca
uma garantia", pondera Giovanna Mott de Arruda Fabrício, consultora da Manager Assessoria
em Recursos Humanos.
Larga escala
Levantamento feito pela Unicamp mostra que, sozinha, a USP
(Universidade de São Paulo) formou, em 2002, mais do que o dobro de doutores que a campeã
norte-americana de titulações.
Foram 2.070 titulados contra 799
da Universidade da Califórnia em
Berkeley. A Unicamp, com 743,
vem logo em seguida.
De acordo com o último censo,
o Brasil tem 302 mil profissionais
com título de mestrado ou doutorado. Desses, segundo o MEC, 136
mil estão nas instituições de ensino superior -51 mil são doutores, dos quais 63% estão na universidade pública.
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