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NA PRÁTICA
Proposta isenta empresas de encargos sociais
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Poupar as empresas dos encargos sociais da contratação de
doutores em departamentos de
pesquisa e desenvolvimento é a
proposta da Fapesp (Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para incentivar
a inovação no setor privado.
Eduardo Campos, ministro da
Ciência e Tecnologia, diz que irá
defender a idéia no governo para que se torne um projeto de lei.
Leia trechos da entrevista concedida à Folha por José Fernando Perez, 59, diretor científico
da instituição.
Folha - Como anda a entrada de
doutores nas empresas no país?
José Fernando Perez - Não há
números que mostrem como
estamos, mas uma meta é chegar ao patamar inglês, com 20%
dos doutores de áreas de relevância tecnológica tendo na empresa o primeiro emprego, em
atividades de pesquisa e desenvolvimento. No Brasil, mesmo
quando eles são contratados, raramente o são para isso.
Folha - O que eles fazem?
Perez - Não trabalham na atividade para a qual adquiriram
competência. Viram executivos,
funcionários comuns. Empresas de biotecnologia contratam
o doutor para vender produtos.
Folha - E qual é a proposta?
Perez - Os nossos doutores não
estão onde deveriam. O que estamos propondo é desonerar as
empresas dos encargos sociais,
especificamente na contratação
de pesquisadores doutores que
vão participar de projetos de
pesquisa. Isso significa reduzir o
custo à metade. O governo abre
mão de receita sem que haja
perda de direitos para o trabalhador. Outro ponto, que já está
previsto na Lei do Imposto de
Renda, é a contratação ser contabilizada como despesa operacional. O custo para a empresa
fica muito baixo. Não vejo esse
profissional ganhando menos
de R$ 7.000. Deixando de custar
o dobro, o resto do pessoal da
equipe é praticamente custeado
pela metade economizada.
Folha - Historicamente o país
trata a questão como tema de
ciência. Isso é um problema?
Perez - Esse é o ponto. É uma
questão dos ministérios da
Ciência e Tecnologia, do Desenvolvimento e da Fazenda.
Folha - As pessoas dizem na
academia que atuar em empresa
é perder em autonomia.
Perez - Esse discurso começa a
ficar superado. Inovação é algo
que precisa ter valor de mercado. Defendo a liberdade de pesquisa acadêmica, mas é preciso
haver a fidelidade à empresa.
Folha - Não dá para ter um pé
na academia e outro na empresa?
Perez - É preciso ter os pés, a
cabeça e a alma na empresa. O
problema da pesquisa na iniciativa privada é que a fidelidade
do pesquisador à empresa é o
que paga seu salário. A empresa
investe para descobrir e lucrar.
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