São Paulo, domingo, 04 de julho de 2004

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SUA CARREIRA

Crea quer ampliar atuação de profissionais

DA REDAÇÃO

O campo de atuação de arquitetos, engenheiros e agrônomos deve sofrer alterações ainda neste ano. Resta saber quando e como. No caso dos engenheiros, a idéia é propor uma formação inicial genérica, seguida de especialização, como ocorre na medicina.
Isso barraria a onda de especialização que formatou a carreira de engenharia nos anos 60 -o estudante tem de decidir desde o início qual é a sua aptidão (civil, mecânica, elétrica e de produção, entre outras). Com a mudança, o estudante sairia da faculdade um engenheiro e, depois, escolheria sua especialidade.
O que está em discussão no Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e nos Creas (Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) é a utilidade da resolução 218, de 1973, que restringe a atuação profissional à formação, impedindo um crescimento horizontal e uma maior inter-relação entre as áreas.
Um exemplo é o agrônomo que, mesmo apto a executar um projeto de construção urbana, depende do aval de um engenheiro civil para que ele seja liberado.
"O mercado hoje exige capacidade e multidisciplinaridade técnica do profissional, mas ele está proibido de agir assim por uma determinação do Conselho Federal. Hoje existe um verdadeiro clamor nacional para mudar essa situação controversa", afirma José Alonso, presidente do Crea-SP.


Inexperiência
José Décio de Caires, 48, engenheiro civil, concorda. "Entendo que será melhor para a engenharia. Imagine um estudante de 17 anos, sem nenhuma experiência, ter de escolher sua aptidão por engenharia elétrica e não por mecânica. Nessa idade, em geral, não temos embasamento para isso."
No último dia 26, durante o 5º Congresso Estadual de Profissionais, várias propostas estiveram em pauta em São Paulo. Essas e as sugestões dos outros Creas seguirão para o Confea, e, em novembro, haverá a votação para decidir qual delas passa a vigorar.
O "como" mudar tem várias nuances, que podem ser divididas em três principais correntes: uma propõe revogar a resolução e regulamentar um artigo da lei nº 5.194 (segundo diz ele, a atribuição profissional depende da formação que se tem); a segunda sugere revogar a resolução e criar uma outra, baseada na formação continuada; e a terceira pretende reformular alguns itens da mesma resolução, mantendo, porém, a divisão por modalidades.
"As propostas mexem com formação, mas o Crea não tem poder para mudar esse setor. Quando aprovada, a mudança nas faculdades virá por decorrência e necessidade de atualização, não por ação direta nossa", diz Valter Caldana, diretor do Crea-SP.
(PAULA LAGO)


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