|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Profissionais do primeiro escalão têm mais chances de desenvolver e alastrar fobias
Sem tratamento, pânico pode "contaminar" colegas de equipe
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A ansiedade é contagiante, dizem médicos e consultores. Isso
significa que uma doença como
fobia social ou síndrome do pânico pode prejudicar todo um departamento ou toda a empresa,
sobretudo quando aparece em
quem é chefe ou líder de equipe.
Por isso o ideal é que a empresa
esteja atenta a seus profissionais
e perceba que algo não vai bem.
De acordo com os especialistas,
no entanto, a maioria das companhias está despreparada para lidar com as doenças psicológicas.
Assumir o problema no trabalho pode ser arriscado. "É bom
avaliar cada caso, mas, em geral,
recomendo que as pessoas não dividam isso com a empresa", diz o
psiquiatra e consultor organizacional Isaac Efraim. "As empresas
reagem mal e têm dificuldade de
aceitar. Não dá para dizer que não
vai atender um cliente porque
tem uma fobia", exemplifica.
Tentar resolver o problema sozinho tem desvantagens, explica o
médico. Além do prejuízo terapêutico -pois não existirá apoio
para superar a doença-, há o risco de ser interpretado como preguiçoso ou descompromissado.
Com a evolução da doença, fica
impossível escondê-la. "No auge
do problema, é comum perder o
emprego", diz o médico Miguel
Jorge, chefe da disciplina de psiquiatria clínica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Carreira
O desenvolvimento de distúrbios de ansiedade acompanha a
ascensão na carreira profissional.
Assumir responsabilidades -para quem já tem predisposição à
doença- pode ser o pontapé para o agravamento do problema.
"Nos níveis hierárquicos mais
baixos, o profissional não tem de
fazer apresentações e não fica tão
exposto. Conforme vai galgando
posições, tem de se dirigir a grupos", ressalta o médico. Segundo
ele, há pacientes que recusam
promoções para não colocar os
medos em evidência. "Preferem
ficar no arroz com feijão", afirma.
Quem sofre de fobia social, por
exemplo, demonstra medo de ser
avaliado em situação de contato
interpessoal e tende a evitar algumas de suas funções -reações
que não passam despercebidas.
"É uma espécie de "autoprofecia". O medo de algo não dar certo
é justamente o que faz tudo dar
errado", diz Tito Paes de Barros
Neto, do ambulatório de ansiedade do Hospital das Clínicas da
USP (Universidade de São Paulo).
Seleção
A doença também dificulta na
hora de buscar um emprego, pois
participar da seleção pode ser sofrido. "No mercado de trabalho
competitivo, quem tem um comportamento fóbico fica de fora",
declara Luiz Gonzaga Leite, coordenador do departamento de psicologia do Hospital Santa Paula.
Outro mal que tem visitado os
consultórios é a fobia de perder o
emprego. Uma pessoa que se
dedica em excesso ao trabalho e
é extremamente metódica na realização de suas tarefas pode estar
doente. Sentindo sua colocação
ameaçada, o profissional faz sacrifícios para evitar a demissão.
Muitas vezes a "ameaça" não existe ou é compreendida de modo
desproporcional.
Sinal vermelho
Sem motivo aparente, o advogado Dagoberto de Castro Brandão,
61, que atua na área farmacêutica,
passou a ter crises de pânico
quando viajava de avião. Viagens
de turismo não eram problema.
Até hoje, ele só teve crises quando o motivo do vôo era uma reunião de trabalho. Taquicardia,
suores e sensação de que iria morrer são os sintomas. "Não entendo como acontece, mas é real."
Com clientes em vários Estados,
procurou um médico para não
perder mais compromissos. "Foi
um sinal vermelho. A crise é tradução de depressão e de estresse."
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Estágio: Empresa de internet busca 13 estudantes de diversas áreas Índice
|