São Paulo, domingo, 08 de dezembro de 2002

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DE FUNCIONÁRIO A SÓCIO

Sociedade surge para quem já se sente dono

Fernando Moraes/Folha Imagem
Wagner Teixeira, sócio de consultoria, começou como funcionário do setor administrativo


TATIANA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Alguma vez você já se imaginou dono da empresa em que trabalha? Se sim, é um bom sinal. Pode indicar que tem perfil e determinação para escalar degraus, chegar ao primeiro escalão da companhia e, de quebra, tornar-se sócio dos atuais empregadores.
Para quem pensa que evoluir de funcionário a associado -muitas vezes iniciando a carreira como office-boy, estagiário ou trainee- é roteiro de ficção, saiba que não são poucos os profissionais que trazem a história no currículo. E, segundo consultores, semear essa possibilidade pode ser, sim, uma meta profissional.
"A chance existe, principalmente em empresas em que não é grande a necessidade de investimento. Nelas, o que importa é competência técnica", diz John Cymbaum, 42, consultor da Carreer Center e do Laboredomus.
Ter perfil empreendedor, lidar bem com o acúmulo de responsabilidades e ser completamente envolvido com a empresa são algumas premissas indispensáveis. "O potencial sócio sente o negócio como sendo "dele" desde o início da carreira", ressalta Cymbaum.
Na opinião de Fábio Pereira, 28, consultor da Michael Page, os profissionais dividem-se em dois grupos conforme o seu perfil.
"O primeiro é formado por pessoas que assimilam os valores da empresa e assumem o dever de carregá-los ao longo dos anos -esses podem vir a ser sócios. Já o segundo grupo dá suporte diante de dificuldades específicas -são os especialistas", explica.
É consenso entre os consultores que, para se tornar sócio, o funcionário precisa ter um desempenho muito acima da média do mercado. "Em geral são pessoas de nível socioeconômico diferenciado, com forte formação em empreendedorismo", ilustra Luciana Martino, 42, gerente de consultoria do Grupo Foco.

Visão global e fidelidade
Ter profundo conhecimento de todas as etapas da companhia, conhecer bem suas metas e partilhar de sua cultura e de seus valores estão entre as qualidades práticas necessárias a quem sonha conquistar sua "fatia" na empresa.
"É preciso ir além das tarefas imediatas, estar orientado para as metas gerais do negócio e desenvolver visão global do mercado em que atua", diz Cymbaum.
Para ele, ser fiel à empresa também é um atributo importante. "E essa é uma questão delicada. Até mesmo mencionar que se sentiu seduzido por uma proposta que implicava salário maior pode ser interpretado como um indício de infidelidade", comenta.

Habilidade política
John Cymbaum cita ainda a familiaridade com a "cúpula" da empresa como decisiva para a possibilidade de ascensão. "É puro marketing pessoal. Ascender na corporação é mais fácil, por exemplo, para quem compartilha dos mesmos hobbies da chefia, como jogar golfe ou velejar. Isso também é habilidade política."
"Ambição" é outra palavra-chave e foi a que mais inspirou o arquiteto Andrey Franco, 28, ex-vendedor da fabricante de móveis Ornare, que passou pelo posto de gerência e hoje é sócio-proprietário de loja da marca em Brasília.
"Minha meta era crescer dentro da rede para ganhar mais dinheiro. Mas, para conseguir, eu me dediquei bastante à empreitada. Sempre fui "workaholic'", conta.


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