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DE MÃOS DADAS
Classes A e B contratam babá para cuidar do bebê; C e D recorrem a vizinhos e parentes
Estratégia de volta à labuta é fundamental
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo comportamental
sobre a relação entre mães e bebês
feito pela Johnson's Baby -divisão de produtos infantis da Johnson & Johnson- aponta que,
mais importante do que ter ou
não filhos, são as estratégias para
retornar ao mercado de trabalho
após o nascimento deles.
"Depois de se dedicar exclusivamente à criança, é difícil para a
mulher retomar as atividades",
esclarece Sylvia Caiuby Novaes,
professora de antropologia da
USP (Universidade de São Paulo),
coordenadora da pesquisa.
Uma das razões é que os "tempos" da maternidade e o da profissão são distintos: enquanto a
rotina do bebê é basicamente biológica, os horários do trabalho são
definidos por reuniões e compromissos. Conciliá-los é o desafio.
A pesquisa mostra que a avó
materna e as escolas são apoios
utilizados pelas brasileiras de todas as classes sociais. Nas classes
A e B, a contratação de profissionais figura como alternativa, enquanto, nas classes C e D, a opção
é por parentes e vizinhos.
Ficar em casa, segundo ela, tornou-se "exceção". "Todas querem trabalhar", avalia. "E rendem
mais para superar a expectativa
negativa que existe em relação a
elas", completa. Médica e autora
do livro "Mãe... e Agora?" (ed. Senac, R$ 60), Carla Góes Sallet reforça que ainda há muito machismo nas empresas. "Se um homem
falta ao trabalho porque o filho está doente, é visto como sensível.
Se é uma mulher, dizem que é incompetente, que não sabe separar
as coisas", compara.
A professora Renata Pascotto,
34, não se arrepende de ter passado os últimos cinco anos cuidando das filhas Raphaela e Mariana.
"Pude acompanhar o surgimento
da linguagem delas. Valeu mais
que um doutorado", diz Pascotto,
que agora quer voltar a trabalhar.
No outro extremo, a empresária
Maria Regina Yazbek, 40, não se
lembra de quando os dois filhos,
hoje adolescentes, começaram a
falar nem sabe com que idade largaram as fraldas. Na época, trabalhava 16 horas por dia na firma
que herdou do pai aos 23 anos.
"Hoje me arrependo", diz.
A primeira viagem com as
crianças foi assustadora. "Eu me
senti incapaz de embarcar com
eles", lembra Yazbek, que agora
diz estar mais próxima deles.
Empurrar com a barriga
Para a consultora do Grupo Catho Luísa Alves, 44, adiar a maternidade pode ser coerente devido à
maturidade emocional. "Já acompanhei, porém, profissionais que
demoraram tanto que, quando tiveram [filhos], se tornaram obsessivas. É igualmente perigoso."
Já Carla Góes Sallet, 30, reitera
que optar por adiar não liberta a
mulher do conflito. "Há o medo
de não conseguir engravidar."
Rúbia Capriotti, 30, gerente de
controle da DaimlerChrysler,
adiou a gravidez por um ano devido a uma promoção. "Combinei
com meus superiores e foi bom
para todos. Quando engravidei,
ganhei um abraço do chefe."
(TATIANA DINIZ)
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