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AMAR É PRODUTIVO
Mas rendimento pode cair no começo ou no fim da relação, quando a concentração "foge"
Paixão faz o profissional tentar se superar
LUÍS PEREZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ter funcionários apaixonados
é um santo remédio para a produtividade da empresa, na maioria
das vezes. Os profissionais tra-
balham motivados, otimistas
e com mais vitalidade. "A pessoa
quer lutar, sobressair", conta Ailton Amélio da Silva, 55, doutor
em relacionamento amoroso
do Instituto de Psicologia da USP
e autor do livro "O Mapa do
Amor" (ed. Gente, R$ 31,90).
Assim como Silva, outros especialistas em trabalho e relacionamento defendem o ponto de vista,
mas fazem ressalvas: esse fenômeno depende da reação de cada
um ao que costumam chamar de
processo de "apaixonamento".
Em geral, os períodos mais turbulentos -em que a pessoa fica
mais dispersa- são os bem iniciais ou o final. Esses momentos
podem ser comparados aos processos de decolagem e de pouso
de um avião. No campo afetivo,
vêm os "pensamentos intromissores", que fazem algumas pessoas perderem o sono, o apetite, a
capacidade de concentração -o
que é ruim para a produtividade.
No resto do tempo, em "altitude
de cruzeiro", o relacionamento
tende a ajudar até em aspectos
inesperados, como a motivação
para se superar e mostrar ao outro que é alguém de sucesso.
"Quanto mais envolvida a pessoa estiver afetivamente, me-
lhor", diz o coordenador do Laboratório de Psicologia do Trabalho
da UnB (Universidade de Brasília), Wanderley Codo, 53.
A psicóloga Tatiana Wernikoff,
61, do Instituto de Psicologia Organizacional, compartilha da opinião: "Já se sabe que, quando se
está bem emocionalmente e há
maturidade, o namoro só ajuda".
Vizinhos de baia
A separação entre pessoal e profissional ficou no século passado.
Nos anos 80 e 90, era mais comum
que as empresas proibissem o namoro no trabalho.
"Durante a paquera, o flerte no
ambiente de trabalho pode atrapalhar, pois as pessoas procuram
subterfúgios para fazerem, juntas,
coisas que nem sempre têm a ver
com o trabalho", afirma Silva.
Mas as empresas acharam uma
fórmula para evitar esse "prejuízo". Para que o envolvimento pessoal não interfira no desempenho, a tendência é que, tão logo o
namoro seja revelado, um dos
membros do casal mude de área.
"Hoje é de mau tom proibir
simplesmente porque, além de
ser inviável fiscalizar, é ridículo. É
como proibir a lei da gravidade",
sentencia Amélio da Silva. "Vira a
teoria do fruto proibido, despertará mais interesse." Codo, da
UnB, complementa: "No início, as
pessoas ficam dispersas de qualquer maneira. Mas, se proibir, é
ainda pior".
Ambiente propício
Curioso é que o escritório é um
dos locais mais prováveis para
iniciar uma relação. Em um estudo, Silva percebeu que a maior
parte dos romances começa em
ambientes teoricamente antagônicos ao campo afetivo.
De acordo com a pesquisa, 37%
dos casais se formam em locais
como trabalho e escola ou entre
amigos. Outros 32% se conhecem
por meio de apresentação, 20%,
paquerando desconhecidos, 5%,
em encontros acidentais, e 1%,
pela internet ou por intermédio
de agências de relacionamento.
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