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AMAR É PRODUTIVO
Quando não há relação de hierarquia, empresas vêem romances internos com bons olhos
Namoro com subordinados é impróprio
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Proibir já era. Grandes empresas vêem até com simpatia um
profissional apaixonado, mas,
quando o relacionamento acontece entre pessoas da firma, elas
costumam impor algumas regras.
"Nossa posição é não ver problema algum em dois funcionários namorarem. Mas a gente evita relacionamentos entre pessoas
que interfiram na vida profissional uma da outra", revela Eduardo Reis, 38, gerente de desenvolvimento de talentos e organizacional da Unilever do Brasil.
Logo que o namoro é comunicado à chefia, diz Reis, a empresa
busca uma recolocação para um
dos dois em outro departamento.
Ele ressalta que nunca houve caso
de desligamento em razão disso.
"É uma conseqüência natural
que as pessoas encontrem entre si
afinidades profissionais, pessoais
e mesmo afetivas", diz Júlio Gândara, 52, diretor de recursos humanos da 3M do Brasil. Quando
ocorre de a relação ser entre um
chefe e seu subordinado ou entre
pessoas de uma mesma área, um
dos dois geralmente é transferido.
Essa é também a preocupação
da Delphi Automotive Systems.
"Desde que não haja uma linha de
comando torta, uma relação de
subordinação, não fazemos nenhuma objeção", afirma Gábor
Deák, 55, presidente da empresa.
No passado, já existiram políticas mais radicais. Segundo contam ex-funcionários, a Andersen
Consulting (atual Accenture) frisava aos candidatos, desde a seleção, que proibia romances no escritório. Procurada pela Folha para falar sobre o assunto, a Accenture não respondeu.
Segredinho
Como o coração não escolhe caminhos, já houve quem "caísse na
tentação" no ambiente de trabalho. Há dez anos, Tânia e Fernando (nomes fictícios), que trabalhavam na mesma empresa, começaram a namorar "escondido", já que Fernando era chefe dela e de seu superior direto.
"De que maneira meu chefe iria
me avaliar com isenção sabendo
que meu namorado era seu superior?", conta ela. "Certa vez fomos
viajar e encontramos outro casal
de namorados formado por dois
funcionários da empresa. Foi
uma saia justa." Quando decidiram casar, abriram o jogo, e ela se
desligou da empresa, já que tinha
o cargo mais baixo.
"Nos últimos cinco anos, as empresas estão mais liberais, flexibilizando essa relação", confirma o
consultor Gutemberg B. de Macedo, 59. "O bom senso manda não
se envolver com subordinados.
Raramente dá certo, pois sentimento e razão se misturam."
"Amor e felicidade fazem bem
para a saúde, e o trabalho ajuda a
estreitar os laços", arrisca Paulo
Jaouiche, 39, gerente da Companhia Athletica, que está de casamento marcado com a professora
Katia Montagner, 32, da mesma
academia, para o próximo dia 27.
Mas o cupido também ataca em
ambientes mais sisudos. "Trabalhávamos em uma empresa de informática. Eu era analista de projetos técnicos, e ele, coordenador
de suporte a servidores", diz Vanessa D'Angelo, 29, hoje casada
com Alfredo de Souza Junior, 32.
"Quando ele, supertímido, começou a me enviar poemas pela internet, estranhei."
Sete meses depois de começarem a trabalhar na mesma firma,
iniciaram o namoro. A empresa
soube oficialmente que eles estavam juntos em uma festa de confraternização. Para ele, o relacionamento contribuiu para a sua
carreira. "Ela me deu boas dicas
de marketing pessoal. Eu não me
ligava nisso, era muito técnico."
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