São Paulo, domingo, 13 de junho de 2004

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AMAR É PRODUTIVO

Quando não há relação de hierarquia, empresas vêem romances internos com bons olhos

Namoro com subordinados é impróprio

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Proibir já era. Grandes empresas vêem até com simpatia um profissional apaixonado, mas, quando o relacionamento acontece entre pessoas da firma, elas costumam impor algumas regras.
"Nossa posição é não ver problema algum em dois funcionários namorarem. Mas a gente evita relacionamentos entre pessoas que interfiram na vida profissional uma da outra", revela Eduardo Reis, 38, gerente de desenvolvimento de talentos e organizacional da Unilever do Brasil.
Logo que o namoro é comunicado à chefia, diz Reis, a empresa busca uma recolocação para um dos dois em outro departamento. Ele ressalta que nunca houve caso de desligamento em razão disso.
"É uma conseqüência natural que as pessoas encontrem entre si afinidades profissionais, pessoais e mesmo afetivas", diz Júlio Gândara, 52, diretor de recursos humanos da 3M do Brasil. Quando ocorre de a relação ser entre um chefe e seu subordinado ou entre pessoas de uma mesma área, um dos dois geralmente é transferido.
Essa é também a preocupação da Delphi Automotive Systems. "Desde que não haja uma linha de comando torta, uma relação de subordinação, não fazemos nenhuma objeção", afirma Gábor Deák, 55, presidente da empresa.
No passado, já existiram políticas mais radicais. Segundo contam ex-funcionários, a Andersen Consulting (atual Accenture) frisava aos candidatos, desde a seleção, que proibia romances no escritório. Procurada pela Folha para falar sobre o assunto, a Accenture não respondeu.

Segredinho
Como o coração não escolhe caminhos, já houve quem "caísse na tentação" no ambiente de trabalho. Há dez anos, Tânia e Fernando (nomes fictícios), que trabalhavam na mesma empresa, começaram a namorar "escondido", já que Fernando era chefe dela e de seu superior direto.
"De que maneira meu chefe iria me avaliar com isenção sabendo que meu namorado era seu superior?", conta ela. "Certa vez fomos viajar e encontramos outro casal de namorados formado por dois funcionários da empresa. Foi uma saia justa." Quando decidiram casar, abriram o jogo, e ela se desligou da empresa, já que tinha o cargo mais baixo.
"Nos últimos cinco anos, as empresas estão mais liberais, flexibilizando essa relação", confirma o consultor Gutemberg B. de Macedo, 59. "O bom senso manda não se envolver com subordinados. Raramente dá certo, pois sentimento e razão se misturam."
"Amor e felicidade fazem bem para a saúde, e o trabalho ajuda a estreitar os laços", arrisca Paulo Jaouiche, 39, gerente da Companhia Athletica, que está de casamento marcado com a professora Katia Montagner, 32, da mesma academia, para o próximo dia 27.
Mas o cupido também ataca em ambientes mais sisudos. "Trabalhávamos em uma empresa de informática. Eu era analista de projetos técnicos, e ele, coordenador de suporte a servidores", diz Vanessa D'Angelo, 29, hoje casada com Alfredo de Souza Junior, 32. "Quando ele, supertímido, começou a me enviar poemas pela internet, estranhei."
Sete meses depois de começarem a trabalhar na mesma firma, iniciaram o namoro. A empresa soube oficialmente que eles estavam juntos em uma festa de confraternização. Para ele, o relacionamento contribuiu para a sua carreira. "Ela me deu boas dicas de marketing pessoal. Eu não me ligava nisso, era muito técnico."


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