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SUA CARREIRA
Sobreviventes dos Andes dão palestras sobre crise
PAULA LAGO
EDITORA-ASSISTENTE DE EMPREGOS E NEGÓCIOS
O período de 13 de outubro a 22 de
dezembro de 1972, o mais angustiante das vidas dos uruguaios Alvaro
Mangino e José Luis Inciarte, hoje
com 50 e 55 anos, respectivamente,
virou conferência em empresas depois de já ter inspirado livros e filmes.
Durante esses 71 dias, eles e outros
14 companheiros, conhecidos como
os sobreviventes dos Andes, ficaram
isolados na cordilheira, sob temperaturas de até -30C, após um acidente
aéreo. O grupo inicial -40 passageiros e cinco tripulantes- viajava para
o Chile para uma partida de rúgbi.
O caso ganhou repercussão internacional principalmente pela forma
encontrada para sobreviver à falta de
comida -eles se alimentaram dos
colegas já mortos-, mas, como contam Mangino e Inciarte, a situação-limite que vivenciaram trouxe à tona
temas comuns na rotina das empresas, como liderança, criatividade, saídas para crises e trabalho em equipe.
A conferência, organizada pela Palestrarte (0/xx/11/3501-4513), custa R$
17 mil. Leia trechos da entrevista concedida por telefone.
Folha - Quais foram os momentos
mais marcantes do acidente?
Alvaro Mangino - Sobreviver ao acidente foi um impacto horrível, é algo
que fica marcado para sempre. Outro
[momento] foi quando houve a avalanche. Ficamos presos por três dias,
estávamos às escuras, com a fuselagem coberta pela neve. Foi um momento duro, mas que nos deu força.
Sobrevivemos ao acidente e à avalanche, mas tínhamos fome e sede.
José Luis Inciarte - O mais marcante foi a decisão de comer a carne humana. Houve discussões até que chegamos à decisão final. Mas passar da
decisão para a ação foi difícil. Também foi dramático ouvir pelo rádio
que as buscas tinham sido encerradas
uma semana depois do acidente.
Folha - Quem foi o líder do grupo?
Mangino - Isso não se impõe, surge
naturalmente. Não tivemos só um líder: um era o responsável pela comida, outros, pela água, outros saíam
em expedição [buscando socorro],
outros contavam histórias à noite para ajudar a passar o tempo, pois as
noites eram muito compridas. Tínhamos um objetivo, que era sair daquele
lugar, e foi o trabalho em equipe que
nos tirou de lá.
Folha - Como foi manter vivo esse objetivo sob condições tão adversas?
Inciarte - Um ajudava o outro a
manter a esperança. Eu tinha posto
como data-limite o dia 25 de dezembro: depois disso, eu me mataria. E
realmente morreria, porque tinha
perdido 45 kg, estava com uma perna
gangrenada e não tinha mais forças
[O resgate chegou no dia 22].
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