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INSTANTÂNEO
Sucesso e receios pontuam carreira
Maioria se considera feliz na profissão, mas trabalha em excesso e encara fantasma do desemprego e das cobranças, diz pesquisa
Lição do poder: chegar ao topo da hierarquia significa,
de fato, atingir a realização
profissional, só que cercada de
concessivas, os "ainda que", os
"embora", os "mesmo que".
É sentir-se feliz no cargo, ainda
que a jornada seja extenuante.
Desfrutar de um ambiente de trabalho que considera agradável,
embora o tempo que sobre para
fazer o mesmo com a família seja
insuficiente. Atuar numa empresa admirável, mesmo que a função mal possibilite tirar férias todo ano. Receber uma remuneração satisfatória, mas conviver
com os riscos da desatualização
profissional e do desemprego.
Pesquisa realizada pelo Datafolha sobre o perfil dos executivos
na região metropolitana de São
Paulo traduz isso em números.
Os profissionais que ocupam
cargos de chefia (como diretores e
gerentes) de empresas de grande,
médio e pequeno porte dizem estar felizes ou muito felizes com
seu trabalho. Somam 83%. A explicação para 52% deles é que podem fazer aquilo de que gostam.
Ainda na safra de boas impressões coletadas na pesquisa, está a
avaliação positiva do ambiente de
trabalho -96% consideram ótimo ou bom o relacionamento
com chefes, colegas e subordinados- e, em uma proporção menor, a satisfação com o salário
-para 60%, o valor está de acordo com o trabalho exercido.
Aflições
O panorama róseo, porém, é
ofuscado por números que sugerem, por exemplo, que a sina de
"workaholic" não se foi, em que
pesem os programas de qualidade
de vida, em moda nas empresas.
Chega a 62% o índice de entrevistados que dizem trabalhar ao
menos dez horas por dia. Quase
um terço deles (30%) afirma ter
expediente diário de no mínimo
12 horas. Soma-se a isso o fato de
que só 9% desfrutam dos 30 dias
de férias por ano fixados em lei.
Índices à parte, a questão já nem
é mais o superapego ao trabalho.
A pesquisa do Datafolha aponta
que, longe de querer dar exemplo
aos subordinados, a alta cúpula
das empresas padece de inquietações nada diferentes das compartilhadas no chão de fábrica.
O risco do desemprego surge
como o maior temor (quase um
terço das respostas), ainda que se
ocupe cargo teoricamente de confiança. E a desatualização na área
profissional (citada por 24%) é
vista como o maior alçapão que
leva ao fracasso, à perda do cargo.
O receio se junta à autocrítica. O
Datafolha questionou a importância de certos atributos para o
sucesso. Também perguntou aos
entrevistados a nota que dão a si
próprios nesses itens. Na comparação, provam reconhecer o peso
de qualidades como domínio de
idiomas, aprimoramento (como
pós-graduação) e rede de contatos ("networking"), embora nesses quesitos afirmem que sua perfomance não ande tão bem.
Descobriu-se também que os
graduados nas universidades privadas dominam os postos de direção das empresas de hoje. Representam nada menos que 87%.
No mais, a imagem costumeira
que se tem do executivo se confirma. É o porta-retratos de um homem (82% do total) de 43 anos
em média e pai de família (75%),
ainda que tudo venha mudando.
(CLEBER MARTINS)
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