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FORMAÇÃO
Desatualização ameaça líderes
Para executivos, maior risco à carreira é "ficar para trás" em sua área, porém apenas 30% já cursaram pós-graduação
Marcos Antonio de Barros,
44, hoje o CFO (Chief Financial Officer ou diretor
financeiro) da Air Products no
Brasil, empresa norte-americana
do segmento de gases industriais,
conta que deve o emprego atual,
entre outros fatores, ao MBA
(Master in Business Administration) pago pela empresa que o demitira quase três anos antes.
O caso comprova que o peso da
atualização na carreira não é modismo do mercado de trabalho.
Numa época em que o conhecimento assume lugar de destaque,
interessar-se por formação traz
resultados concretos. "Você tem
de seguir as mudanças, sob o risco
de não permanecer no mercado",
afirma Paulo Kretly, gerente-geral
da FranklinCovey, especializada
no treinamento de executivos.
Os profissionais perceberam essa urgência. A pesquisa do Datafolha mostra que, para 24% dos
entrevistados, a maior ameaça à
carreira do executivo é a desatualização. Sem querer correr esse
risco, 30% já voltaram às salas de
aula para cursar pós-graduação
-entre cargos de diretoria, esse
número sobe para a metade.
Um outro detalhe do perfil acadêmico dos entrevistados: 87%
graduaram-se no ensino privado.
Considerando-se quem tem até
35 anos, o percentual vai para
99%. Mas a escolha da faculdade
ou universidade não deixou de ser
critério de desempate. "O mercado ainda dá preferência a candidatos vindos de faculdades de primeira linha", observa Aline Zimermann, consultora da Fesa.
Sintonia fina
Uma vez ciente de que as chances aumentam para quem se atualiza no ritmo ditado pelo mercado, o próximo passo é conseguir
conciliar o mundo dos negócios
com a necessidade de estar afinado com os estudos. "Muitos de
nossos alunos adiam o curso por
falta de tempo, mesmo quando
pago pela companhia", afirma
Lorena Bittar, diretora de marketing da BSP Business School.
"As empresas têm a atualização
como um ideal e são sinceras nisso, mas não são todos os que dão
conta da carga", completa Bittar.
Demitido da Cargill após 22
anos, Barros teve o MBA da Universidade de Pittsburgh (feito
parte aqui e parte nos EUA) incluído no pacote de saída. Quatro
meses depois, estava na Phillips.
Ele conta que deixou clara a necessidade de dedicar-se ao curso e
admite: "Foram compreensivos e
pagaram o preço do meu tempo
de estudo". "Algumas empresas
consideram o ato de pagar suficiente, mas não é verdade. Um
curso sério suga o tempo do funcionário", afirma Barros, que cerca de um ano e meio depois trocou a Phillips pela Air Products.
Nem toda empresa banca MBA,
assim como este não é o curso
mais indicado para todo e qualquer líder, como observa Kretly.
"Deve-se fazer um levantamento
das competências que precisam
ser desenvolvidas, como gerenciamento de tempo, gestão de
pessoas, mudanças do Código Civil ou idiomas, para se decidir sobre o curso e planejar-se para ele."
Além disso, outro atributo cada
vez mais valorizado numa economia globalizada, ter experiência
no exterior, ainda deixa a desejar
entre os executivos: 79% nunca
estudaram fora e 81% nunca trabalharam em outros países.
(PL)
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