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SOBREVIVA AO PRIMEIRO DIA
Novo funcionário deve reconhecer o terreno, e não preocupar-se em mostrar resultados
Estréia no trabalho pede economia de opiniões
VALÉRIA LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Medo de não conquistar a simpatia da equipe? De perguntar demais ou fazer algo errado? De se
sentir deslocado? De ser esquecido na recepção? Todas essas dúvidas são para lá de legítimas quando se trata do primeiro dia de trabalho em uma nova empresa. Afinal, poucos sabem qual é a melhor forma de agir nessa ocasião.
Hoje consultora de etiqueta empresarial, Célia Leão conta uma
experiência desastrosa da época
em que era bibliotecária. "Não
gostei do local em que ia trabalhar
e pedi transferência. Mas não
sabia que estava falando justamente com a diretora do departamento." Daí diz ter tirado a maior
das lições no que diz respeito à
forma de agir no ""dia D": "Nunca
emita opiniões e evite falar demais. O peixe morre pela boca".
Se a gerente de seguros Daniela
Ferracini, 30, tivesse ouvido tal dica antes do seu primeiro atendimento, teria evitado dores de cabeça. "Quis ser eficiente e fui atender sozinha a um segurado. Ele
queria saber o que significava "remissão por morte". Por dedução,
disse que, se ele falecesse, sua família não teria direito ao seguro."
Depois de dispensá-lo, ela descobriu que o termo significava o
contrário. "Me precipitei. Por sorte, consegui localizá-lo por telegrama e desfiz o mal-entendido."
Ouça muito, fale pouco
Para o consultor empresarial
Marcelo Mariaca, querer mostrar
serviço é uma atitude que não
funciona nessa fase de integração.
"O novo funcionário deve tentar
entender a dinâmica da organização. O período inicial tem mais a
ver com reconhecimento do terreno do que com resultados."
Sua receita para não dar gafes
ou passar por constrangimentos
tem como ingredientes básicos a
discrição, a observação e a atenção. "Avalie a organização, tente
definir se há problemas a serem
resolvidos, não pergunte à toa.
Demonstre simpatia, educação e
interesse. É o suficiente para dar
uma boa primeira impressão."
Tratamento VIP
Se, por um lado, os recém-chegados são vítimas do próprio
comportamento, por outro, as
empresas e os colegas mais antigos também têm sua parcela de
"culpa". Tanto isso é verdade que
um profissional do ramo de telefonia, que seria acompanhado pela reportagem da Folha em seu
primeiro dia, soube na noite anterior que a data seria remarcada.
Na opinião de Laís Passarelli,
sócia da Passarelli Consultores, a
falta de atenção com quem está
começando é imperdoável. "É desestimulante não ter a devida
orientação. Quem está chegando
tem de ser tratado como visita."
Luciana Misura, 26, passou por
experiência semelhante. Ela, que
mora em Detroit (EUA), foi contratada por uma agência para ser
gerente de projetos ligados à internet. "Esperei por alguém de
RH na recepção por uma hora.
Foi quando descobri que, apesar
de terem me passado aquela data,
meu início oficial estava marcado
só para a semana seguinte."
O "probleminha" de comunicação entre o chefe de Misura e o
RH resultou em um primeiro dia
complicado. "Foi um caos, eu não
tinha telefone nem computador."
Para evitar esse tipo de transtorno, a Avon, por exemplo, adota o
esquema de padrinhos. "Cada
pessoa que entra tem alguém designado para tomar conta dela.
Essa pessoa providencia o espaço
físico e cuida de detalhes como
mesa, computador, senhas", diz
Carla Marques, gerente de desenvolvimento organizacional.
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