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SUA CARREIRA
Experiência profissional adquirida ainda na faculdade pode contar pontos preciosos no currículo
Pular estágio dificulta entrada no mercado
MARCELO GOTO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Se para quem possui um currículo invejável já é difícil encontrar
colocação, imagine para aqueles
que adiam a estréia no mercado
-o chamado estágio- para se
concentrar somente nos estudos
da graduação. Nesses casos, a batalha para conquistar o primeiro
emprego pode ser mais difícil.
A estudante Giane de Freitas,
26, que cursa o último semestre de
ciências contábeis na FAI (Faculdades Integradas Ipiranga), sentiu o drama na pele. Há dois anos
ela trocou uma oportunidade de
estágio em sua área por um emprego em outro setor em uma empresa prestadora de serviços de
telefonia. "Tinha esperanças de
que mudaria para a área contábil,
mas isso não aconteceu", lembra.
Não foi a melhor opção. Desempregada há um mês, hoje ela busca uma vaga de estagiária na tentativa de adquirir experiência como contadora. "Fico arrependida
de não ter feito estágio antes. Se a
situação piorar, vou ter de procurar algo fora da minha área."
A advogada Roberta Gomes Vicentin, 27, por sua vez, ficou seis
meses desempregada por causa
da falta de experiência. "Foi um
período muito difícil para mim.
Meu pai teve de me sustentar",
conta. Ela não teve tempo de fazer
estágio, pois já trabalhava em um
banco ao mesmo tempo em que
cursava a faculdade de direito.
Experiência básica
Luiz Gonzaga Bertelli, presidente-executivo do CIEE (Centro de
Integração Empresa-Escola), afirma que escolaridade e experiência são consideradas requisitos
básicos pelo mercado. Não basta
apenas cursar uma faculdade respeitada. "As empresas querem
pessoas com conhecimento profissional agregado", afirma.
O diretor administrativo do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios), Carlos Henrique Mencaci,
encara a questão da mesma forma. Para ele, o candidato que não
tiver um estágio no currículo vai
enfrentar dificuldades para encontrar emprego. "Ter feito estágio alavanca as possibilidades de
contratação", opina.
O consultor em recursos humanos e vice-presidente da consultoria Fesa (Financial Executive
Search Associates), Francisco Ramirez, faz coro: "Aqueles que antecipam suas experiências profissionais estão um passo à frente
daqueles que deixam para fazê-lo
quando recebem o diploma".
Toque pessoal
A consultora de recursos humanos Irene Azevedo diverge dos
colegas. Segundo ela, quem opta
por aprofundar os conhecimentos adquiridos na faculdade, cursando pós-graduação ou cursos
de especialização, por exemplo,
tem boas chances de ascensão.
A lógica seria a de que o sucesso
na disputa pelo primeiro emprego dependeria mais de qualidades
pessoais do candidato, como capacidade de liderança e aptidão
para trabalhar em equipe.
Azevedo diz ainda que a exigência de experiência profissional
tende a diminuir no futuro, já que
"as universidades estão buscando
cada vez mais adequar seus currículos à realidade das empresas".
A sócia-diretora da Career Center (consultoria de aconselhamento de carreira), Luciana Sarkozy, recomenda ao candidato
que não fez estágios buscar outras
formas de experiência que possam enriquecer o currículo, mesmo que não sejam remuneradas.
Segundo ela, a participação em
projetos sociais já pode contar
pontos. "Responsabilidade social
é um assunto que vem crescendo
dentro das empresas", explica.
Luiz Gonzaga Bertelli também
observa que o engajamento em
atividades sociais aumenta as
possibilidades de contratação.
"Hoje muitas empresas estão lendo o currículo de trás para frente.
A formação acadêmica é o último
item a ser avaliado", brinca.
Há quem, no entanto, mesmo
sem ter estagiado, é capaz de conseguindo boa colocação.
A bioquímica Carolina Teixeira,
25, é um exemplo. Apesar de não
ter estagiado em indústrias químicas, foi contratada por um laboratório seis meses depois de
formada. "O melhor é que eu consegui a vaga mesmo sem ter trabalhado nessa área antes."
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