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Despedida deve ser irrepreensível
DA REPORTAGEM LOCAL
"Manter a classe" nos últimos
dias de trabalho é a derradeira
obrigação de quem consegue uma
nova vaga no mercado. Para
fechar o ciclo na empresa com
chave de ouro, vale se esmerar na
conclusão das tarefas e até se oferecer para ajudar a treinar a pessoa que irá substituí-lo.
Embora pareçam óbvias, as recomendações muitas vezes passam longe da percepção de quem
atravessa esse tipo de transição. É
que, após meses de insatisfação,
um súbito sentimento de "triunfo" pode pôr a perder, já nos últimos momentos, as boas relações
profissionais do antigo emprego.
"Quem faz isso pode ter problemas futuros porque "queima" suas
referências profissionais. É mais
inteligente sair sem bater as portas atrás de si porque, no mercado
de trabalho, sempre há a chance
de precisar voltar", comenta
a consultora Denise Kamel.
Mas é difícil. "No final, quando
meu chefe me pedia para fazer um
trabalho burocrático, queria dizer
que não faria mais nada ali. Meu
desejo era ir embora", lembra o
publicitário Rogério Gomes.
A analista Luciana Felisberto
sentiu o peso real de ter saído
"numa boa" da firma anterior
quando o novo chefe decidiu fazer uma revisão retroativa do seu
desempenho antes de contratá-la.
Como? Ligando para o antigo
chefe dela.
"Felizmente, tínhamos uma
relação excelente e minha saída
foi bastante cuidadosa. Ele destacou minhas qualidades e isso me
ajudou a começar bem na nova
função", comenta ela.
Substituição
Antes do desligamento, Luciana
fez questão de tomar cuidados
minuciosos. "Não tive tempo de
ajudar a treinar a pessoa que assumiu meu lugar, mas procurei ser
organizada ao extremo para facilitar sua chegada. Deixei tudo em
ordem, como se eu mesma fosse
cumprir aquelas tarefas."
Já a psicóloga Lenice Modesto
recrutou e treinou a pessoa que ficaria em seu lugar.
"Foi parte do acordo para minha mudança de posição. A proposta partiu de mim. Achei adequado porque sabia como ninguém quais eram os obstáculos da
função", explica.
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