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ADMINISTRAÇÃO
Empregador procura por profissional que combine saber geral com o específico; área financeira ganha mais peso
Domínio de finanças confere status
PAULA LAGO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A abrangência do mercado de
trabalho para administradores é
sedutora. Dentre os alunos matriculados em curso superior no
Brasil, 14% cursam essa carreira,
apontam dados de 2002 do Ministério da Educação. Pelo lado do
trabalho, levantamento do Conselho Federal de Administração
de 1998 (o mais recente da entidade), feito com 783 profissionais,
mostra que 90% dos entrevistados estavam empregados.
Na hora de decidir qual rumo
tomar, no entanto, não basta pensar na especialização. "O profissional tem de ser, antes de mais
nada, um generalista, possuir
uma base global consistente, independentemente da área escolhida", analisa Marcos Ávila,
coordenador do mestrado do Instituto Coppead de Administração
da UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro).
Ou seja: é preciso entender de
números para poder dialogar
com todos os setores; de logística,
que é o lado operacional; ter visão
de marketing para saber o que valorizar e ainda dominar o aspecto
comportamental das equipes, legado da administração geral.
"Cada vez menos o empregador
pode se dar ao luxo de contratar
especialistas", reforça Rubens
Pessanha, presidente da Amea
Coppead (associação dos ex-alunos de mestrado do instituto).
Ciclos de valorização
Antes de saber qual área está em
alta, Pessanha ressalta que o mercado é cíclico. "Há seis anos, a
área de estratégia era o destaque.
Nos últimos três anos mudou
muito. Hoje as áreas mais aquecidas são finanças, logística e marketing, além da estratégica."
"Planejamento e controle financeiro são fundamentais num momento de retomada do crescimento econômico, fase em que
estamos vivendo, e as empresas
começam a procurar por quem
tem capacidade de reorganização,
com foco nos resultados", afirma.
Na GE (General Electric), grande parte das vagas para formados
em administração são para a área
financeira. Danilo Dias, 27, gerente de treinamento e desenvolvimento, diz que as características
pessoais são mais valorizadas do
que o conhecimento técnico.
"Primeiro o profissional tem de
preencher os requisitos qualitativos, como ter mentalidade de
processo, pensamento crítico e
espírito de liderança. Depois, os
quantitativos, como experiência
em controladoria", exemplifica.
Sobre o marketing, Christina de
Paula Leite, coordenadora do Cecop (Coordenadoria de Estágios e
Colocação Profissional) da FGV-Eaesp (Escola de Administração
de Empresas de São Paulo da
Fundação Getulio Vargas) diz que
tem destaque o candidato que demonstra preocupação com o desenvolvimento do público interno. "A tendência é aproximar-se
do RH, incentivar a equipe, envolver-se com o lado psicológico e
com a integração entre as áreas."
Uma outra característica da carreira é que a concorrência não se
restringe aos administradores, há
muitos "migrantes" de outras
áreas. Só no curso de MBA do
Coppead, por exemplo, os engenheiros ocupam mais de 50% das
cadeiras.
Itamar Revoredo Kunert, presidente da Febrad (Federação Brasileira dos Administradores), diz
que essa concorrência é salutar:
"Mas precisamos saber trabalhar
a situação, aumentando a fiscalização nos casos de profissionais
que não tenham o registro."
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