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Depoimento

'Não falava, não queria preocupar ninguém'

"Tenho sete filhas. Quando tive a sexta, começou a me dar esse problema. Eu amamentava e doía. Ia aos médicos, falava que a dor era no peito, mostrava o calombo... e não achavam nada.

Um médico disse que era leite empedrado. Aquilo ia crescendo e eu ia deixando. Um dia, me levaram ao hospital à força. Logo percebi que era isso mesmo [câncer], só que eu não falava, não queria preocupar ninguém.

Fizeram exames e disseram que eu ia ter que tirar uma mama, fazer quimioterapia, que o cabelo ia cair, aquelas coisas.

Tem três anos que faço tratamento. Todas as minhas vizinhas vieram perguntar como era a doença. Só foram fazer exame depois que viram a minha situação. Acho que falta passar uma 'propaganda' na casa das pessoas, entregar uns folhetos... Não entregam tanto papelzinho de mercado? Só fazem campanha uma vez por ano. Tinha que ser todos os dias.

Eles falam na televisão: 'Na hora do banho, coloque a mão aqui...'. Você é louca? Você vai pôr a mão e saber que é câncer? Muitas vão encontrar um monte de bolinha, mas vão saber o que é? Você vai falar para o médico: 'Doutor, meu seio está cheio de bolinha'. E cada um vai dizer uma coisa."

Trecho do depoimento de Bia (nome fictício), 48, dona de casa, parte da tese "A Ressignificação da Linguagem na Relação Multiprofissional da Saúde", de Vanderli Duarte de Carvalho

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