|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ROSELY SAYÃO
Novas diretrizes
Toda mulher, assim
que engravida, passa a
receber noções de
puericultura. Tanto
as ciências da saúde quanto a
sabedoria popular contribuem
para rechear esse conjunto de
conhecimentos e técnicas que
têm por objetivo os cuidados
com as crianças pequenas e que
abrangem desde a atenção com
a saúde física até o desenvolvimento psíquico.
Conversei com algumas
mães de bebês com menos de
um ano para averiguar as orientações atuais. Fiquei surpresa
com algumas que elas têm recebido porque são antigas, mas
chegam agora com aparência
sofisticada e com o aval do conhecimento técnico-científico.
Circula, por exemplo, um
método para acalmar bebês conhecido como o "método dos
cinco S". Trata-se de um conjunto de cinco dicas que ajudam os pais a aquietarem o filho quando ele chora e fica inquieto e o nome faz referência a
cinco palavras da língua inglesa. Envolver o bebê firmemente em panos, carregar o bebê na
posição lateral, emitir sons que
lembrem o pedido de silêncio
(shhhh) próximo aos ouvidos
da criança (algumas mães me
disseram que vale também o
ruído do secador de cabelos, vejam só!) e embalar são as principais orientações do método.
Outra dica que faz o maior
sucesso entre essas jovens
mães é a de banhar a criança,
principalmente quando ela está agitada, em um balde. É isso
mesmo: a conhecida banheira
de bebês está sendo trocada pelo velho balde que todo mundo
usa em casa, principalmente
para a limpeza doméstica. Por
que a troca? Porque desse modo o bebê fica com o corpo todo
imerso na água, como se fosse
um ofurô, e isso é relaxante,
mesmo para adultos.
O mais interessante dessas e
de outras dicas que os jovens
pais têm seguido é uma mudança na maneira de tratar e de cuidar das crianças. À primeira
vista, pode parecer que o que os
pais buscam é apenas um bebê
mais calmo para que eles fiquem mais tranquilos. Entretanto, mesmo que seja essa a
maior intenção, muda o estilo
de viver passado ao bebê.
Até pouco tempo atrás, a
orientação geral era a de deixar
o bebê solto, com o corpo livre
para que ele se movimentasse à
vontade. Os pais deveriam suportar o choro insistente porque era o modo de o bebê se comunicar com o mundo e o ônus
inicial de se ter um filho. Agora,
pelo jeito, o que se pretende é
transmitir a noção de que o corpo pode e deve ser controlado.
Hoje temos muitas crianças
que não têm a mínima noção de
seu corpo: elas correm desajeitadamente e sequer sabem evitar quedas ou desviar de obstáculos ou de pessoas que encontram pelo caminho. Quando
carregam mochilas ou malas
escolares, então, não conseguem pensar que precisam ampliar o espaço físico que usam.
Do mesmo modo, muitas são
irrequietas e agitadas a maior
parte do tempo e não conseguem se acalmar.
Quem sabe essas novas -e ao
mesmo tempo antigas- orientações contribuam para que as
crianças cresçam mais tranquilas, mais conscientes de seu
corpo e, desse modo, aprendam
mais cedo a ter uma melhor
percepção de si e do entorno.
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como
Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
roselysayao@uol.com.br
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
Texto Anterior: Prateleira Próximo Texto: Bate-papo Índice
|