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Bom Retiro 'pega' mais metrô e sé anda a pé

Adesão aos trilhos cresce no reduto de judeus e coreanos; já no marco zero de SP, tudo é a pé

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Em seus 45 anos de vida no Bom Retiro, mais antigo reduto da comunidade judaica na cidade, o blogueiro Sergio Beni Luftglas, sempre fez tudo a pé. Mas as frequentes participações como figurante em novelas e comerciais o levaram aos trilhos.

Para chegar aos locais de gravação, ele precisa do metrô, assim como 14% de seus vizinhos que usam esse meio de transporte para trabalhar, mostra o Datafolha.

Na comparação com 2008, esse número saltou em dez pontos -eram 4%.

O bairro puxa o crescimento no uso desse meio de transporte em todo o centro -de 10% para 17%.

"Para andar pela região central e zona oeste, tem que ser de metrô", diz ele, que nasceu no bairro.

A proximidade com três estações (Tiradentes, Armênia e Luz) torna natural a preferência pelos trilhos. Com a criação da linha 4 amarela -que leva até o Butantã e se junta à linha azul do metrô e aos trens-o bairro ganhou nova opção rumo ao oeste.

Área comercial que recebe 200 mil pessoas diariamente, o Bom Retiro é hoje um mix de nações que reúne judeus, coreanos, italianos e bolivianos, entre outros povos.

Mesmo com a adesão ao metrô, o Bom Retiro segue majoritariamente um bairro de pedestres convictos -mas se eram 64% os que andavam a pé, hoje são 48%.

"A maioria que vive aqui, tem comércio por perto. Por isso, nem precisa de transporte", diz Paulo Frangiotti, 67, presidente da Sociedade Amigos do Bom Retiro.

Após 30 passos, a comerciante Niqui Petrakis, 26, passa de sua casa ao restaurante Acrópoles, fundado em 1959 pelo pai dela, o "seu Trasso", 96.

Se o trabalho dela fosse só cuidar do atendimento, gastaria apenas a sola de sapato, mas pagar contas e resolver pendências do negócio fazem parte da rotina. Para isso, Niqui engrossa as estatísticas e usa o metrô. "Evito carro e uso metrô também para passear", conta.

PASSO A PASSO

Já na Sé, mesmo com os calçadões de pedras portuguesas -que sempre se soltam, tornando a caminhada mais difícil- os moradores gostam mesmo é de andar. Ali, 63% vão a pé para o trabalho -eram 45% em 2008.

Zelador do edifício Triângulo, prédio histórico projetado por Oscar Niemeyer, Everaldo dos Santos, 43, trabalha e se diverte caminhando.

"Estou aqui há 15 anos e não saio", diz ele, que tirou o carro da garagem porque está em férias.

"Morar na Sé é um privilégio." Entre as vantagens, diz ele, está o fato de poder ver todo dia a obra de Di Cavalcanti no prédio onde trabalha.

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