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Opinião Avanços ainda são imperceptíveis aos olhos do paulistano SÉRGIO DÁVILAEDITOR-EXECUTIVO São Paulo está com problema de percepção e imagem. Os números do governo estadual mostram que a cidade está mais segura do que em 2008, data do último DNA. Naquele ano, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes era de 11,49 no município; em 2011, tinha caído para 9,04. No entanto, o paulistano se sente mais inseguro hoje do que há quatro anos, segundo dados da pesquisa realizada pelo Datafolha. Em 2008, segurança era o sétimo problema para os pesquisados; hoje é o segundo, atrás apenas de calçadas/buracos e deslocando para terceiro o trânsito. Que, por sua vez, está pior do que em 2008. Naquele ano, o índice de motorização (ou seja, o número de veículos por 100 habitantes) era de 58,2; em 2011, já havia aumentado para 63,4, segundo a CET. As respostas dos entrevistados do DNA confirmam o dado: subiu a porcentagem dos que usam carro para ir ao trabalho, de 14% para 18%. Mas a percepção do problema tornou-se mais rarefeita. O paulistano também está mais rico -isso ajuda a explicar o aumento dos motorizados-, mas o paulistano mais rico está com mais medo. Em 2008, 33% dos ouvidos eram da classe B; hoje, são 38%. Dos que ganham mais de R$ 6.222, a sensação de insegurança saltou de 10% para 17%, diz o Datafolha. Virou clichê citar o escritor italiano Ítalo Calvino (1923-1985) para falar de cidades, mas vale a pena mencionar passagem de seu livro "As Cidades Invisíveis" (originalmente de 1972, lançado no Brasil depois pela Companhia das Letras), em que ele trata de percepção e de imagem urbanas. Ao descrever a cidade (imaginária) de Tamara, Calvino diz que, ao penetrar em "suas longas ruas cheias de sinais", o olho do visitante "não enxerga as coisas, mas as imagens das coisas, que significam outras coisas". "Seja como a cidade for, por trás de uma densa cobertura de sinais, seja lá o que contém ou esconde, você deixa Tamara sem ter descoberto." São Paulo continua tendo problemas, é certo, mas em diversos aspectos a cidade melhorou. Só que os paulistanos ainda não enxergam isso. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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