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Depoimento

Em Niterói, palhaços nunca tiveram a mesma graça

ALAN GRIPP SECRETÁRIO-ASSISTENTE DE REDAÇÃO

A tragédia da boate Kiss comoveu o Brasil e o mundo, mas para os moradores de Santa Maria é apenas o começo de um longo trauma, capaz de atravessar gerações e influenciar até mesmo quem ainda nem nasceu.

É o que nos ensina o maior incêndio da história do país, ocorrido há 51 anos, em Niterói (RJ), onde vivi até 2005.

Cerca de 3.000 pessoas se aglomeravam no Gran Circus Norte-Americano. Pouco antes do número final, o fogo lambeu a lona e devorou a estrutura em poucos minutos.

O incêndio -obra de um ex-funcionário que queria se vingar do dono do circo por uma suposta dívida - matou 503, sendo 70% crianças.

Levou duas décadas para que a cidade recebesse outro picadeiro. Os circos que se aventuram lá até hoje amargam fracassos de bilheteria. Palhaços, em Niterói, nunca tiveram a mesma graça.

Gerações cresceram ouvindo histórias do incêndio. Niteroienses nascidos depois da tragédia parecem ter memória do que não viveram. "Circo não é legal", diziam nossos pais. Na dúvida, era melhor ver o Carequinha na TV.

A tragédia perpetuou histórias de mesa de botequim. Uma delas diz que o famoso profeta Gentileza estava no Gran Circus, perdeu a família e começou ali sua cruzada espiritual. Não é verdade.

Outra versa sobre um elefante herói. Consta que a lona em chamas caiu sobre o bicho, que saiu em disparada. No caminho, teria pisoteado alguns espectadores, mas carregou parte da cobertura evitando uma desfecho ainda pior. Ninguém sabe ao certo.

Mas é fato que o incêndio marca o início da carreira do mais famoso cirurgião plástico do país, Ivo Pitanguy, que atuou no socorro às vítimas.

Lenda urbana ou verdade, o impressionante é o fato de tudo isso estar ainda muito vivo na memória de uma cidade, meio século depois.


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