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MEDO DO ESCURO
Falta de luz e buracos nas ruas são considerados o pior da região
Escuridão é a maior queixa de moradores de Vila Maria, Mandaqui e Santana; lojistas fecham as portas antes que o sol se ponha
JOÃO PEQUENO
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Problemas com rede elétrica
e calçamento encabeçam a lista
de queixas da zona norte, com
12% de reclamações cada um. A
falta de luz afeta principalmente a Vila Maria (18%), Mandaqui (14%) e Santana (13%).
Na avenida das Cerejeiras, na
Vila Maria, Mariza dos Santos,
41, e Eliane Aparecida do Nascimento, 36, contam que desde
abril vinham fechando antes
das 18h30 o brechó que haviam
aberto um mês antes, por medo
de assaltos, já que a iluminação
pública demorava a ligar. Há
menos de duas semanas, Eliane
foi assaltada quase em frente ao
brechó, por volta das 20h.
Na última segunda-feira, porém, as luzes funcionavam normalmente por volta das 18h30,
indicando que o defeito no relé
-dispositivo que liga automaticamente as lâmpadas quando
escurece- fora corrigido pelo
Ilume (Departamento de Iluminação Pública).
As comerciantes, porém,
afirmam que a iluminação é irregular. "Tem dias em que funciona; outros, não", diz Mariza.
Para Eliane a situação tem piorado por falta de policiamento.
Na Vila Maria, 59% dos moradores dizem evitar certas ruas
depois que escurece. O campeão neste quesito é o Jaçanã,
onde 70% evitam algumas vias.
Segundo o Ilume, defeitos
em relés são exceção às principais causas de falta de iluminação, que são fios velhos e furtos
de cabos, cuja maior incidência
está na zona norte, com 24%
dos 160 km de fios furtados, em
média, por mês em São Paulo.
Mandaqui
Na Vila Guacá, a cada dois
meses as ruas ficam sem luz, segundo os moradores. No Jardim Calu, as luzes dos postes da
rua Almirante José Saldanha
da Gama queimaram há mais
de seis meses e ainda não foram
trocadas. Na Vila Aurora, em
uma caminhada noturna, pode-se ver ruas escuras. Além da falta de iluminação, os três bairros
têm outra coisa em comum: ficam no distrito do Mandaqui,
onde 63% dos moradores afirmam evitam certas ruas à noite.
"Ontem mesmo aqui estava
escuro. Às 18h, fecho meu salão
e evito sair de casa", conta a cabeleireira Neide Nunes da Costa, 45, da Vila Guacá.
De acordo com o Ilume, a falta de luz no Mandaqui acontece
porque a iluminação da região é
feita com lâmpadas de vapor de
mercúrio, que são antigas. A alternativa, segundo o órgão, seria trocá-las pelas de vapor de
sódio, mais resistentes.
A substituição, de acordo
com o Ilume, foi interrompida
porque a Prefeitura de São Paulo e o governo federal, responsável pelo programa de substituição, o Reluz, chegaram a um
impasse jurídico. Segundo o órgão, não há previsão de retomar
o trabalho.
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