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MÍDIA
Audiência da Copa bate em quase 40 bilhões de pessoas, e a TV, tratando o Mundial como um espetáculo único, tem que
abrir seu cofre para
comprar os direitos
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Evento vira show televisivo
A televisão, a partir dos anos 80,
fez da Copa o seu principal show.
Isso devido aos astronômicos índices de audiência e ao alcance
planetário do badalado evento.
O Mundial do México de 1986
foi acompanhado por 166 países,
algo quase impensado à época. A
China, país mais populoso do planeta, recebeu imagens do torneio
pela primeira vez, o que aumentou bastante o número de telespectadores do evento.
A mídia investiu pesado no
Mundial. Cerca de 1.700 jornalistas foram ao México trabalhar em
1986 _não havia estrutura adequada para tanta gente do meio
ainda. O número de profissionais
da imprensa foi cerca de três vezes
maior do que o número de jogadores na Copa mexicana.
No Brasil, o mercado em torno
da Copa estava em alta mesmo
com o jejum de títulos da seleção
nacional. O personagem Arakem,
o ‘‘show man’’, foi figurinha carimbada na já toda-poderosa TV
Globo em 1986 e 90. Sua imagem
foi exibida à exaustão na telinha, e
Arakem acabou descartado com
fama de pé-frio.
Além da festa, a Globo apostou
em tecnologia. Nas transmissões
do Mundial-86, ficou consagrado
o tira-teima, recurso que oferece
ao telespectador a oportunidade
de tirar a dúvida em lances complicados, como o gol do espanhol
Michel contra o Brasil que não foi
validado porque o juiz entendeu
que a bola não entrou no gol.
Nos EUA, em 1994, o número de
países que receberam imagens da
Copa pulou para 189. Na Alemanha, por exemplo, mais de 60% de
toda a população acompanhou os
jogos do Mundial na América.
A Copa virou show mais fora de
campo do que dentro. Um batalhão de ex-craques passou a trabalhar para órgãos de imprensa,
especialmente comentando jogos
na TV. No Brasil, Gérson, Rivellino, Tostão e Falcão foram apenas
alguns dos que trocaram de lado.
Pelé formou dupla com Galvão
Bueno no tetra em 1994. A dupla,
aliás, enfrentou problemas. Críticas nos bastidores feitas por Galvão a Pelé foram captadas por antena parabólica e exibidas posteriormente para todo o país.
O locutor da Globo foi a principal voz da conquista nacional e
também das posteriores frustrações do time nacional. O bordão
‘‘Vai que é sua Taffarel’’ foi repetido à exaustão e ganhou as ruas.
A Copa de 1994 foi a primeira a
virar filme oficial. ‘‘Todos os Corações do Mundo’’ foi rodado nos
EUA pelo cineasta brasileiro Murilo Salles e teve como protagonistas, é óbvio, Romário e Baggio.
Dallas foi escolhida para ser um
centro nervoso da mídia, recebendo TVs e rádios de todo o
mundo. Mais de 500 milhões de
pessoas viram pela TV, direto de
Los Angeles, o sorteio dos grupos
da Copa dos EUA.
O torneio teve uma audiência
acumulada de 31,2 bilhões de pessoas. Esse número pulou em 1998
para quase 40 bilhões de pessoas.
Foi o auge do marketing, com disputa intensa na mídia entre Adidas e Nike, por exemplo. A Copa
da França priorizou de vez a TV.
Os estádios eram pequenos,
pois o público presente era secundário. A organização deu atenção
total aos telespectadores.
As transmissões dos jogos de 98
foram um verdadeiro espetáculo,
com dezenas de câmeras flagrando de todos os ângulos as jogadas,
como o pênalti cometido por Júnior Baiano contra a Noruega.
As Copas do Mundo também
passaram a conviver no fim do século de vez com a internet.
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