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Vila Mariana nasceu em um matadouro
DA REPORTAGEM LOCAL
A Vila Mariana foi o local escolhido para abrigar o novo matadouro municipal. O antigo ficava no rio Itororó, que hoje é
onde passa a avenida 23 de
Maio, e desagüava no rio
Anhangabaú, que chegava a ficar vermelho, contaminado por
sangue e pedaços de animais,
exalando mau cheiro.
Para resolver esses inconvenientes, o novo matadouro foi
erguido num lugar afastado do
centro. O engenheiro alemão
Alberto Kuhlmann, responsável pela obra, aproveitou para
construir uma estrada de ferro
que ajudasse a transportar os
animais até lá.
À estação do matadouro ele
deu o nome de Mariana -sua
mulher-, que batizou a comunidade. Aberto em 1887, o matadouro no largo Senador Raul
Cardoso produzia 14 mil quilos
diários de carne bovina para
uma população de 70 mil pessoas. Décadas depois, a rotina
sanguinolenta virou acervo cinematográfico. O prédio, tombado, foi cedido pela prefeitura
para a Cinemateca Brasileira.
O conjunto passou por diversas modificações para que os
galpões fossem adaptados para
salas de cinema. Uma nova sala
foi inaugurada neste ano -pelas laterais abertas onde antes
passava o gado, entra luz natural, vedada por cortinas na hora
de começar as sessões.
Ipiranga
Os primórdios da zona sul, no
entanto, são bem anteriores. O
Brasil ainda usava fraldas
quando a comunidade do Ipiranga se formou. A primeira
menção sobre o bairro é de uma
carta de Anchieta, de 1579, que
cita uma igreja construída na
região por Domingos Luiz.
O português, dono das terras
onde o bairro nasceu, é considerado a primeira pessoa de
passado honesto a vir povoar
São Paulo. Já a fama de Antônio
Proença, um dos primeiros moradores do Ipiranga, não era lá
muito imaculada. Veio fugido
de Portugal acusado de raptar
uma freira. Quando morreu, as
terras, onde criava gado, foram
dividas entre seus familiares.
A oficialização do Ipiranga
coincidiu com a independência
do país, proclamada em 1822 às
margens do rio de mesmo nome. Em comemoração, foram
iniciadas em 1883 as obras de
um monumento-edifício.
O projeto foi assumido pelos
italianos Tommaso Gaudenzio
Bezzi, amigo do imperador, e
Luigi Pucci, que projetara a
Santa Casa naquela mesma
época. A parte central do Museu Paulista ficou pronta em
1895 e assim ele continuou até
hoje, sem que as alas laterais
saíssem do papel.
(MB)
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