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Na escolha da carreira, horário e ambiente de trabalho também devem ser levados em conta
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado de trabalho, a pressão dos pais, a remuneração, a afinidade com determinada área do
conhecimento e a vontade de poder ajudar as pessoas devem ser
levados em consideração na hora
de o vestibulando escolher a sua
profissão. Mas aspectos aparentemente mais simples e cotidianos,
como o ambiente e o horário de
trabalho, a roupa que terá de usar
e o público com o qual terá de lidar também devem ser pesquisados pelo estudante e levados em
conta na hora de optar pelo curso.
Tudo isso faz parte de um estilo
de vida que está relacionado com
a profissão da pessoa. Segundo
orientadores profissionais, os vestibulandos devem buscar informações para que não pautem a
sua escolha por uma imagem
idealizada desse estilo, mas por
uma mais próxima do real.
"Toda profissão envolve um determinado horário de trabalho,
pessoas com quem se discute, um
jeito de comer, de se vestir, de
pensar. Dependendo, você poderá viver no campo ou na cidade,
terá "papo cabeça" ou fútil. Claro
que durante a faculdade e os estágios a pessoa vai se adaptando.
Mas, se quer viver na praia, claro
que fica mais difícil se escolher
administração de empresas", disse Liomar Quinto de Andrade,
professor de orientação profissional do Instituto Sedes Sapientiae.
Mas não é olhando superficialmente a vida de um conhecido
que o vestibulando deve escolher
a sua carreira. "O jovem deve buscar dados mais próximos do real,
deve ir além daquilo que percebe.
A forma de se vestir, por exemplo,
costuma causar um certo encanto. Um médico está sempre de
roupa nova, porque o branco fica
amarelado muito rápido, então
ele tem de renovar o guarda-roupa constantemente. Mas a pessoa
não sabe se o médico pula de um
emprego para o outro, entra em
casa, vê o filho 15 minutos e já tem
de sair", disse a presidente da
Abop (Associação Brasileira de
Orientadores Profissionais), Delba Teixeira Barros.
Ela dá como exemplo a profissão de decorador, da qual formou-se uma imagem "fashion".
"As pessoas vêem um decorador
todo moderninho, com óculos
"fashion", mas não imaginam que
ele tem de visitar obras. Se ele for
alérgico a tinta, está perdido."
Outro exemplo citado tanto por
ela quanto pelo pedagogo e orientador profissional Silvio Bock é o
dos profissionais de turismo.
"Quem faz turismo imagina que
vai ser turista, mas não pensa que
estará trabalhando quando todo
mundo está de folga e se divertindo", disse Bock.
Além de ter informações sobre
esses detalhes cotidianos das profissões, segundo ele, é preciso fazer uma reflexão sobre os próprios desejos, o que pesquisar as
carreiras também pode ajudar.
"O vestuário, por exemplo, está ligado a estereótipos. Se a pessoa é
encantada por terno, ou, por outro lado, odeia, o que isso pode representar? O terno pode ser um
símbolo de poder, de status, ou de
trabalho burocrático", afirmou.
A escolha do curso no momento do vestibular, entretanto, não
deve ser encarada como uma camisa-de-força que determinará
definitivamente o estilo de vida da
pessoa. "Há aspectos que são determinados em cada carreira e
outros que são mais flexíveis. A
pessoa pode escolher medicina e
ficar isolado em um laboratório,
sem ver pacientes, ou ir trabalhar
em um hospital ou em uma clínica. Mas há os limites de cada profissão. Se fizer administração, poderá até dirigir uma empresa no
litoral, mas não terá o mesmo estilo de vida de um professor de
vôlei de praia", disse Liomar
Quinto de Andrade.
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