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SUJO E MALTRAPILHO
Lixo pelas ruas é a principal reclamação da região
Entulho, papéis, garrafas, móveis e retalhos se acumulam em calçadas e praças; prefeitura diz varrer várias vezes no dia
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma caminhada matinal pelas ruas do centro de São Paulo
pode tornar-se uma prova de
obstáculos para os pedestres: é
preciso desviar de sofás e colchões velhos e pular restos de
frutas, verduras e retalhos de
tecidos. Não é a toa que a sujeira das ruas liderou a lista de reclamação dos moradores da
área central na pesquisa Datafolha -citada como o pior da
região por 17% dos moradores,
contra 10% da média da cidade.
"Essa aqui é a rua mais suja
da Baixada do Glicério", afirma
o faxineiro Severino Carvalho
da Silva, 53, referindo-se à rua
Helena Zerrener, localizada no
distrito da Sé. Por toda a extensão da rua é possível ver papéis
e entulhos. Apesar de a Secretaria Municipal de Serviços e
Obras afirmar, em seu site, que
a via é varrida duas vezes por
dia, o faxineiro afirma que só vê
as equipes de limpeza à tarde.
Os distritos Sé e Liberdade
foram campeões de reclamações (22%). Outros três distritos ficaram acima da média da
região (17%) em relação às
queixas: Bela Vista (20%), Brás,
20% e Bom Retiro (18%).
Na praça da Sé, freqüentadores culpam a varrição da prefeitura pelos papéis e garrafas
pets achados no chão. "Acho
que é muita sujeira. Os funcionários passam a vassoura de leve, não varrem direito", reclama a dona-de-casa Ruth Gorskis, 67. De acordo com a Secretaria Municipal de Serviços e
Obras, são feitas dez varrições
na praça por dia. "Tem muito
cheiro de urina, precisa lavar",
reclama o taxista Gilson Domingues, 46, que trabalha em
um ponto na praça.
Entulhos também são bastante comuns nas calçadas da
região. Na manhã de um mesmo dia, a reportagem da Folha
encontrou pelas ruas do centro
cadeira plástica, filtro quebrado, armário e gavetas quebradas, bancos rasgados de carros
e dois colchões, além de pedaços de madeira.
Retalhos
A rua José Paulino, no Bom
Retiro, também foi criticada
por trabalhadores do local, apesar de ter sido encontrada limpa nas três vezes em que a Folha esteve lá (em um início de
manhã, começo de tarde e começo de noite). De acordo com
a prefeitura, a rua é varrida oito
vezes por dia.
O problema, segundo comerciantes, começa depois de as lojas fecharem. "Às 6h o que mais
tem aqui é sujeira. Quando
abrimos a loja encontramos de
tudo na rua, tem retalho de tecido, papelão, fezes", conta a
vendedora Andréa Lima, 21.
Luciana Cristina Alberico,
30, dona de outra loja, afirma
que o lixo encontrado na rua é
resíduo das confecções do local. "As lojas colocam os retalhos na rua e, à noite, as pessoas
furam os sacos para pegar."
"De manhã, tudo é limpo. O
problema é que se vem uma
chuva à noite, carrega tudo para o bueiro. Tem tanto retalho
nesses esgotos que é possível
achar coleções de todos os
anos", brinca a proprietária.
A Subprefeitura da Sé -responsável pelos distritos de
Bom Retiro, Santa Cecília,
Consolação, Bela Vista, Liberdade, República, Sé e Cambuci
- afirma que são gastos R$ 5
milhões por mês, só com varrição, trabalho feito por 1.423
pessoas. Na Liberdade, um grupo de descendentes de japoneses tenta, com a vassoura em
punho, conscientizar as pessoas de que é preciso jogar o lixo no lixo: eles varrem uma vez
por mês, durante uma hora, a
praça da Liberdade.
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