São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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SUJO E MALTRAPILHO

Lixo pelas ruas é a principal reclamação da região

Entulho, papéis, garrafas, móveis e retalhos se acumulam em calçadas e praças; prefeitura diz varrer várias vezes no dia

TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma caminhada matinal pelas ruas do centro de São Paulo pode tornar-se uma prova de obstáculos para os pedestres: é preciso desviar de sofás e colchões velhos e pular restos de frutas, verduras e retalhos de tecidos. Não é a toa que a sujeira das ruas liderou a lista de reclamação dos moradores da área central na pesquisa Datafolha -citada como o pior da região por 17% dos moradores, contra 10% da média da cidade.
"Essa aqui é a rua mais suja da Baixada do Glicério", afirma o faxineiro Severino Carvalho da Silva, 53, referindo-se à rua Helena Zerrener, localizada no distrito da Sé. Por toda a extensão da rua é possível ver papéis e entulhos. Apesar de a Secretaria Municipal de Serviços e Obras afirmar, em seu site, que a via é varrida duas vezes por dia, o faxineiro afirma que só vê as equipes de limpeza à tarde.
Os distritos Sé e Liberdade foram campeões de reclamações (22%). Outros três distritos ficaram acima da média da região (17%) em relação às queixas: Bela Vista (20%), Brás, 20% e Bom Retiro (18%).
Na praça da Sé, freqüentadores culpam a varrição da prefeitura pelos papéis e garrafas pets achados no chão. "Acho que é muita sujeira. Os funcionários passam a vassoura de leve, não varrem direito", reclama a dona-de-casa Ruth Gorskis, 67. De acordo com a Secretaria Municipal de Serviços e Obras, são feitas dez varrições na praça por dia. "Tem muito cheiro de urina, precisa lavar", reclama o taxista Gilson Domingues, 46, que trabalha em um ponto na praça.
Entulhos também são bastante comuns nas calçadas da região. Na manhã de um mesmo dia, a reportagem da Folha encontrou pelas ruas do centro cadeira plástica, filtro quebrado, armário e gavetas quebradas, bancos rasgados de carros e dois colchões, além de pedaços de madeira.

Retalhos
A rua José Paulino, no Bom Retiro, também foi criticada por trabalhadores do local, apesar de ter sido encontrada limpa nas três vezes em que a Folha esteve lá (em um início de manhã, começo de tarde e começo de noite). De acordo com a prefeitura, a rua é varrida oito vezes por dia.
O problema, segundo comerciantes, começa depois de as lojas fecharem. "Às 6h o que mais tem aqui é sujeira. Quando abrimos a loja encontramos de tudo na rua, tem retalho de tecido, papelão, fezes", conta a vendedora Andréa Lima, 21.
Luciana Cristina Alberico, 30, dona de outra loja, afirma que o lixo encontrado na rua é resíduo das confecções do local. "As lojas colocam os retalhos na rua e, à noite, as pessoas furam os sacos para pegar."
"De manhã, tudo é limpo. O problema é que se vem uma chuva à noite, carrega tudo para o bueiro. Tem tanto retalho nesses esgotos que é possível achar coleções de todos os anos", brinca a proprietária.
A Subprefeitura da Sé -responsável pelos distritos de Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, Liberdade, República, Sé e Cambuci - afirma que são gastos R$ 5 milhões por mês, só com varrição, trabalho feito por 1.423 pessoas. Na Liberdade, um grupo de descendentes de japoneses tenta, com a vassoura em punho, conscientizar as pessoas de que é preciso jogar o lixo no lixo: eles varrem uma vez por mês, durante uma hora, a praça da Liberdade.


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