São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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Aceitação de doação de terra deu início à história oficial

Área que originou Vila de São Sebastião do Ribeirão Preto foi oficializada em 1856

Cidade chegou a se chamar Entre Rios, mas as críticas populares e a confusão no envio de correspondência fizeram reverter mudança


DA FOLHA RIBEIRÃO

Ribeirão Preto comemora 152 anos hoje porque, em 1856, teve início a aceitação legal das doações de terra que fundaram o arraial que originou a Vila de São Sebastião do Ribeirão Preto, numa trajetória marcada por datas emblemáticas, especialmente em suas primeiras décadas de existência, quando o município chegou a passar até por mudança de nome.
Em 26 de novembro de 1869, a capela de São Sebastião de Ribeirão Preto se tornou independente da Matriz de São Simão. No ano seguinte, houve a elevação à categoria de paróquia e, em 22 de fevereiro de 1874, foi realizada a primeira eleição municipal, para escolher vereador e juiz de paz.
No mesmo ano, em 4 de junho, houve a instalação da vila que, cinco anos depois, passou a se chamar Entre Rios. Mas o que levou a essa mudança?
Os vereadores disseram que havia outra vila chamada Ribeirão Preto e justificaram a alteração pelo fato de a cidade ficar entre os rios Pardo e Mogi Guaçu. Entretanto, a mudança durou pouco, por dois motivos: as pessoas não gostaram da nova denominação, e o argumento para o nome da localidade -de ficar entre os dois rios- era combatido pela distância existente entre eles.
Com isso, em 30 de julho de 1881 houve nova mudança, para Vila de Ribeirão Preto, por meio da lei provincial 99.
"Como havia outra cidade chamada Ribeirão Preto, mudaram a denominação, mas a cidade não concordou muito. Confundiam correspondência, as daqui iam parar em outro lugar e as de lá vinham para cá. A reação popular foi grande", afirmou a doutora em história Luciana Suarez Lopes.
O nome evoluiu naturalmente para o atual, Ribeirão Preto. Passadas as discordâncias burocráticas, a cidade viu começar o período cafeeiro e seu desenvolvimento econômico.
O ciclo foi impulsionado por investimentos privados, o que fez a cidade ter um impulso desenvolvimentista especialmente até a década de 20.
Foi nesse embalo que os trilhos da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro chegaram à cidade, em 1883. O café era tão forte economicamente que o traçado da ferrovia seguia a rota das fazendas cafeeiras.
Com as fazendas, a cidade se desenvolveu, e a população, entre 1886 e 1900, passou de 10.420 habitantes para 59.195.
Também nesse período, a vida noturna já era agitada em Ribeirão Preto, mas de uma forma muito diferente da atual.
Em vez de boates e barzinhos como os que dominam o cenário atual, as confeitarias, o teatro e o cinema eram vistos como cenário ideal para "badalação".

A história se repete?
Nas quatro décadas do apogeu cafeeiro, a cidade recebeu visitas como as do rei Alberto, da Bélgica, e de dom Pedro 2º, num fenômeno semelhante ao registrado nos últimos anos com o boom do etanol, que atraiu o interesse de personalidades como o príncipe britânico Andrew e o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon.
Apesar do bom momento do setor sucroalcooleiro, a produção de cana de toda a região é de pouco mais de 20% do total do país. Em 1920, o café produzido por Ribeirão representava 30% da produção nacional. O fato valeu à cidade, naquela década, o título de "Califórnia do Café".
A quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, no entanto, provocou a erradicação de lavouras e obrigou a cidade a diversificar a sua economia, que atualmente é baseada principalmente nos setores de comércio e prestação de serviços.
(MARCELO TOLEDO)


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