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Aceitação de doação de terra deu início à história oficial
Área que originou Vila de São Sebastião do Ribeirão Preto foi oficializada em 1856
Cidade chegou a se chamar Entre Rios, mas as críticas populares e a confusão no envio de correspondência fizeram reverter mudança
DA FOLHA RIBEIRÃO
Ribeirão Preto comemora
152 anos hoje porque, em 1856,
teve início a aceitação legal das
doações de terra que fundaram
o arraial que originou a Vila de
São Sebastião do Ribeirão Preto, numa trajetória marcada
por datas emblemáticas, especialmente em suas primeiras
décadas de existência, quando
o município chegou a passar até
por mudança de nome.
Em 26 de novembro de 1869,
a capela de São Sebastião de Ribeirão Preto se tornou independente da Matriz de São Simão. No ano seguinte, houve a
elevação à categoria de paróquia e, em 22 de fevereiro de
1874, foi realizada a primeira
eleição municipal, para escolher vereador e juiz de paz.
No mesmo ano, em 4 de junho, houve a instalação da vila
que, cinco anos depois, passou
a se chamar Entre Rios. Mas o
que levou a essa mudança?
Os vereadores disseram que
havia outra vila chamada Ribeirão Preto e justificaram a alteração pelo fato de a cidade ficar
entre os rios Pardo e Mogi Guaçu. Entretanto, a mudança durou pouco, por dois motivos: as
pessoas não gostaram da nova
denominação, e o argumento
para o nome da localidade -de
ficar entre os dois rios- era
combatido pela distância existente entre eles.
Com isso, em 30 de julho de
1881 houve nova mudança, para
Vila de Ribeirão Preto, por
meio da lei provincial 99.
"Como havia outra cidade
chamada Ribeirão Preto, mudaram a denominação, mas a
cidade não concordou muito.
Confundiam correspondência,
as daqui iam parar em outro lugar e as de lá vinham para cá. A
reação popular foi grande",
afirmou a doutora em história
Luciana Suarez Lopes.
O nome evoluiu naturalmente para o atual, Ribeirão Preto.
Passadas as discordâncias burocráticas, a cidade viu começar o período cafeeiro e seu desenvolvimento econômico.
O ciclo foi impulsionado por
investimentos privados, o que
fez a cidade ter um impulso desenvolvimentista especialmente até a década de 20.
Foi nesse embalo que os trilhos da Companhia Mogiana de
Estradas de Ferro chegaram à
cidade, em 1883. O café era tão
forte economicamente que o
traçado da ferrovia seguia a rota das fazendas cafeeiras.
Com as fazendas, a cidade se
desenvolveu, e a população, entre 1886 e 1900, passou de
10.420 habitantes para 59.195.
Também nesse período, a vida noturna já era agitada em
Ribeirão Preto, mas de uma
forma muito diferente da atual.
Em vez de boates e barzinhos
como os que dominam o cenário atual, as confeitarias, o teatro e o cinema eram vistos como cenário ideal para "badalação".
A história se repete?
Nas quatro décadas do apogeu cafeeiro, a cidade recebeu
visitas como as do rei Alberto,
da Bélgica, e de dom Pedro 2º,
num fenômeno semelhante ao
registrado nos últimos anos
com o boom do etanol, que
atraiu o interesse de personalidades como o príncipe britânico Andrew e o secretário-geral
da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon.
Apesar do bom momento do
setor sucroalcooleiro, a produção de cana de toda a região é de
pouco mais de 20% do total do
país. Em 1920, o café produzido
por Ribeirão representava 30%
da produção nacional. O fato
valeu à cidade, naquela década,
o título de "Califórnia do Café".
A quebra da Bolsa de Nova
York, em 1929, no entanto, provocou a erradicação de lavouras e obrigou a cidade a diversificar a sua economia, que atualmente é baseada principalmente nos setores de comércio e
prestação de serviços.
(MARCELO TOLEDO)
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