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DIREITO
Empresas abrem capital e nicho para advogados
Área de investimentos demanda profissional que dê suporte jurídico às operações
EDUARDO CAMPOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A estabilidade e o crescimento econômico dos últimos anos
levaram muitas empresas a
abrir seu capital no mercado
acionário e tornaram mais comuns algumas modalidades de
captação de recursos, como
emissão de títulos de dívida.
As companhias passaram,
então, a buscar advogados que
entendam de economia. "Há
demanda por profissionais especializados que dêem suporte
jurídico a essas operações",
confirma José Eduardo Carneiro Queiroz, 37, sócio responsável pela área de mercado
de capitais no escritório Mattos
Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e
Quiroga e professor da Fundação Getulio Vargas.
E pagam bem. Segundo
Eduardo Bacetti, 28, gerente da
divisão legal da Michael Page,
especializada em recrutamento, os salários mais altos estão
em áreas novas, como mercado
de capitais. "Ramos como direito cível e trabalhista têm os salários menos inflacionados."
Como o desenvolvimento é
recente, a maior parte dos advogados não sai da faculdade
com conhecimentos específicos sobre mercado de capitais.
"As faculdades não têm foco
em finanças, economia e contabilidade, importantes para o ramo", explica Daniela Sampaio
Doria, 34, uma das sócias do escritório Pinheiro Neto responsáveis por mercado de capitais.
Para compensar a falta de
formação, escritórios treinam
profissionais em países com
mais tradição no setor, como os
Estados Unidos. "Oferecemos
bolsa de estudos para funcionários fazerem mestrado em boas
universidades estrangeiras",
explica Daniel Facó, 34, sócio
do escritório Machado, Meyer,
Sendacz e Opice.
Na prática
Cabe aos profissionais a busca por uma formação adequada. "Quem tem outro curso de
graduação além do de direito
parte na frente em um processo
seletivo", explica Doria.
Advogados da área ressaltam
que só no dia-a-dia o profissional dominará as novas atribuições. "Com boa base jurídica,
conseguirá aprender na prática
o funcionamento da área, porque há regulamentação bem
detalhada", acredita Facó.
Se as boas condições econômicas se mantiverem, o ramo
tende a crescer. "A obtenção do
"investment grade" [grau de investimento] deve contribuir
ainda mais", aponta Doria.
As atividades ligadas diretamente a investidores estrangeiros tornam imprescindível a
fluência em inglês. "Com a entrada de latino-americanos no
mercado, o espanhol também é
importante", acrescenta Doria.
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