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ELEIÇÕES 2004
Serra 35% X 35% Marta
Candidatos entram na semana final da eleição empatados, revela o Datafolha
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A apenas uma semana do primeiro turno da eleição, José Serra
(PSDB) e Marta Suplicy (PT) estão empatados, revela o Datafolha. Os dois principais candidatos
à Prefeitura de São Paulo têm exatamente o mesmo percentual de
intenção de votos, 35%.
Foram dois para lá, dois para cá.
O candidato tucano oscilou dois
pontos percentuais para baixo. A
prefeita, dois para cima.
Paulo Maluf (PP) tem 12%, um
ponto a mais que na semana anterior. Luiza Erundina (PSB) mantém os 4%. O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, diz que a pesquisa consolida a tendência de haver segundo turno entre Marta e
Serra. Na projeção do segundo
turno, a diferença entre os dois
caiu seis pontos. Serra tem 51%,
contra 41% de Marta. É a menor
distância já registrada.
Os principais motivos do empate foram o envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) na campanha de Marta e os
ataques de Paulo Maluf (PP) a
Serra. Antes, o candidato do
PSDB liderava, no limite da margem de erro, de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, segundo o Datafolha.
Para Mauro Paulino, o que desencadeou a mudança foi uma
"ação conjunta". No entanto, ressalva, "não foi devastador para
Serra nem empolgante para Marta". Na sua avaliação, "só acirrou
o que já estava acirrado".
Na semana em que os ataques a
Serra atingiram o ápice, o presidente Lula surgiu com força total
na campanha de Marta. No sábado, pediu votos à prefeita durante
inauguração de uma obra pública, a extensão da avenida Radial
Leste. No mesmo dia, gravou em
estúdio mensagem a favor da prefeita de São Paulo.
Dois dias depois, o depoimento
estava na propaganda de Marta,
de onde não saiu mais. Como a
obra era pública, com dinheiro
dos contribuintes de todos os partidos, a declaração de Lula gerou
forte polêmica. O PSDB ameaçou
pedir a cassação da candidatura
petista, o governador Geraldo
Alckmin (PSDB) condenou o ato,
Lula foi forçado a pedir desculpas.
O caso está na Justiça Eleitoral.
No outro movimento que abalou a estabilidade de então, Maluf
dedicou todo o seu programa de
TV da última quarta-feira a desqualificar Serra. Acusou o ex-ministro da Saúde de operações irregulares a um calote num deficiente físico na eleição de 2002. O tucano nega tudo.
O ataque surtiu efeito. Pela primeira vez desde o início da campanha, a rejeição ao tucano subiu,
de 11% para 15%. A de Marta
manteve-se em 31%.
A tática reflete o acordo entre o
PT de Marta e Maluf. No dia seguinte à veiculação do virulento
ataque a Serra, a Folha revelou
que parte da propaganda foi gravada em Recife, onde o marqueteiro de Maluf presta serviços para a prefeitura local, do PT.
Como a sinalizar o acirramento
da disputa na reta final, na quinta-feira militantes petistas acuaram
Serra em reduto do partido na zona sul. Xingaram e passaram bandeiras por seu rosto. Irritado, o
candidato do PSDB bateu boca
com alguns dos que o cercavam.
O caso acabou na delegacia.
O episódio ainda não teve reflexos na pesquisa eleitoral, porque
ocorreu na quinta-feira e chegou
aos jornais do país na sexta, mesmo dia em que foi realizado o levantamento.
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