São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2004

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CAMPANHA

Ex-presidente e candidato tucano marcaram encontro em sinagoga, mas FHC não gravará depoimento para campanha

FHC estréia ao lado de Serra e critica "acusações'

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa estratégia acertada na véspera, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) entrou ontem, pela primeira vez, na campanha do tucano José Serra à Prefeitura de São Paulo.
Serra e FHC programaram o encontro na noite de sexta-feira. E, num momento em que Serra reconhece que o "segundo turno será uma parada", a fotografia aconteceu na frente de uma sinagoga no bairro de Higienópolis (região central), depois de FHC esperá-lo por mais de 20 minutos.
Diante da sinagoga, ainda usando um kipar na cabeça, FHC criticou a linha ofensiva adotada pelos adversários na campanha, afirmando que "a acusação sem base pega mal para ao povo". Segundo o ex-presidente, "o povo não quer acusação, acusação, acusação. O povo quer ver realizações".
Sem citar a sigla PT, cabeça da coligação contra a qual ele pediu um direito de resposta, FHC disse que teve de reagir na Justiça contra distorções e violência. E acrescentou: "Não precisa ficar fazendo publicidade, trazendo marqueteiro e fazendo muita confusão, nem ficar acusando os outros sem base. O povo sente quando a pessoa é competente. É o caso do Serra. Não precisa propaganda: basta olhar".
A cartada foi lançada num cenário de empate entre Serra e Marta Suplicy (PT), registrado pela pesquisa do Datafolha. Serra admite que o aumento de quatro pontos percentuais no índice de rejeição à sua candidatura "é fruto dos ataques sem pé nem cabeça".
O candidato atribuiu essa oscilação a "semanas de ataques, agressões e calúnias" desferidos pelo PT. Para ele, "a rejeição continua baixíssima se comparada à força do ataque" adversário.
O tucano aposta na idéia de que esse é um cenário passageiro. Mas, antevendo uma "batalha dura que só será resolvida no dia", contra-ataca: "Não vamos fazer o jogo sujo. O jogo sujo, direto ou terceirizado, não funciona".

Amigos
Não é à toa que, ao saber que estariam na mesma sinagoga durante o Dia do Perdão judaico, FHC e Serra acertaram o encontro para as 11h30. O ex-presidente chegou às 11h25. Serra, que participou de uma formatura na zona sul, chegou às 12h. Da sinagoga, FHC até telefonou para Serra perguntando se estava a caminho.
Apesar do encontro, o ex-presidente não deverá ter depoimento de apoio ao candidato exibido ainda no primeiro turno. "No caso do Serra não precisa nem gravar depoimento. Todo mundo sabe. Somos do mesmo partido, amigos a vida inteira", justificou FHC, dizendo que não acha que deva se envolver em campanha.
O ex-presidente também comentou o pedido de desculpas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após ter manifestado apoio a Marta durante uma inauguração. Para FHC, foi "como voltar ao tema: ao pedir desculpas, fala de novo que apóia Marta".
Às 16h30, Serra esteve na A Hebraica com o cabo eleitoral de sua campanha, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Na saída da cerimônia - ao qual Marta também assistiu - Serra concluiu, ao comentar a pesquisa: "Agora é o segundo turno".
Em Guaianazes, Serra acusou Marta de "cumplicidade com a violência do PT" por ter afirmado que ele provocou os militantes do partido num ato na zona sul.


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