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Copa 1958
A linhagem sueca de Garrincha
Herdeiro do lendário ponta acompanha, orgulhoso, treinamentos dos filhos e sonha em ver ao menos um deles atuando
no Brasil
ENVIADO ESPECIAL A HALMSTAD
Martin, 19, Henrik, 10, Linnea, 10... O clã Garrincha na
Suécia não só cresce como entra em campo, dribla e promete
até no futebol feminino.
""Minha filha [Linnea] é muito boa. Faz gols, chuta de esquerda e de direita. Acho que é
a melhor dos meus filhos", diz
Ulf Lindberg, 48, o filho sueco
do lendário ponta. Fruto de excursão de Garrincha à Suécia
após a Copa-58, hoje ele trata
mais de acompanhar os filhos
aos treinos do que qualquer
coisa. E a Folha o acompanhou
por um dia aos treinamentos
de Martin, Henrik e Linnea.
Todos têm seus clubes e relativo destaque. Martin, 19, foi ao
treino do Astrio com uma camisa do Real Madrid com o nome Garrincha nas costas. Ele é
quem está mais perto de seguir
os passos do avô. Atacante,
mostra habilidade, mas, segundo o técnico dele, precisa aprimorar o ""jogo de conjunto".
""Para mim, é um orgulho ser
neto de um grande jogador",
diz Martin, que tem jogado na
esquerda. Ulf, pai e filho coruja,
estuda a possibilidade de lhe
conseguir um clube no Brasil.
""Acho que ele pode se desenvolver melhor como jogador no
Brasil", fala, sem temer as inevitáveis comparações.
""É difícil falar com dirigentes
do Botafogo disso. Mas o Martin pode atuar em outro clube",
diz Ulf, que vive em Halmstad.
Parte do clã sueco de Garrincha (Ulf e Martin) esteve no
Brasil em 2005 e conheceu a
estrutura do futebol nacional.
""Foi uma viagem futebolística. Visitei o lugar onde meu pai
está enterrado. Nilton Santos
chorou quando me viu. Compreendi mais a importância do
meu pai. Não só os torcedores
do Botafogo iam vê-lo jogar",
conta Ulf, que tem em seu
quarto fotos do pai na parede.
""Entendo o interesse das
pessoas pelo meu pai. Garrincha não foi tão mostrado na TV
como Pelé. Pelé foi grande, mas
tinha muita mídia. Muita gente
que viu os dois diz que Garrincha foi melhor", afirma Ulf.
O filho sueco de Garrincha
caminha sem problemas, mas
não esconde limitações físicas
que lembram o pai. ""Eu joguei
futebol, mas tive que parar por
contusão. Tive inflamações nos
joelhos, em vários lugares. Doía
para jogar", conta ele, que planeja nova viagem ao Brasil.
""Planejamos ficar mais tempo desta vez. Queria ir à Bahia.
Em 2014, estaremos na Copa,
mas nós queremos ir antes."
Ulf conseguiu clubes perto
de casa para os filhos. Henrik
atua no Halmstad. Apesar de o
técnico ver nele ""o estilo brasileiro" e achá-lo ""diferente",
Henrik demonstra não ter o
prazer de jogar da irmã gêmea,
a craque do Snösterp-Nyhem.
Linnea também é a mais sorridente deles. Em campo ou fora dele, faz brincadeiras e lembra o espírito moleque do avô.
Ulf tem outro filho, Jonas,
22, que não deve seguir carreira na bola -trabalha em outra
área. E nada garante que os demais vingarão. Mas algo une o
clã Garrincha: todos são atacantes e curtem jogadas individuais.
(RODRIGO BUENO)
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