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Copa 1958
Coadjuvantes de luxo
Num elenco de estrelas, jogadores que estavam no grupo se lembram com orgulho da disputa pela posição e admitem que foram espectadores privilegiados
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
Time cheio de protagonistas,
com craques em todas as posições. Era inevitável que a seleção de 58 tivesse coadjuvantes
de luxo, em campo e fora dele.
"Eram 22 grandes jogadores.
Os que entravam não iam sair
nunca", diz Dino Sani, cerebral
meio-campista que se contundiu na Copa e foi para a reserva.
"O Pelé entrou no lugar do
Dida, o Garrincha entrou no lugar do Joel, eu me machuquei
[atuou contra Áustria e Inglaterra], o De Sordi se contundiu
no penúltimo jogo. Mas o Feola
escolheu bem os jogadores",
afirma Dino, ídolo de clubes como Boca Juniors e Milan, que
vive hoje sozinho em São Paulo.
E Pepe, o "Canhão da Vila", o
"maior artilheiro do Santos",
pois Pelé não conta para ele?
"Disputava posição com Zagallo e Canhoteiro. Contra a
Bulgária, entrei no lugar do Canhoteiro, jogador sensacional,
e fui bem, fiz gol. Cheguei à Itália como titular. Mas veio o fatídico jogo com a Inter. Um loirinho, Bicicli, me pegou no pé de
apoio. Desleal. Só me recuperei
no quinto jogo da Copa, aí não
tinha como tirar o Zagallo", fala
Pepe em papo na Vila.
A famosa sorte de Zagallo
quase o abandonou também
pouco antes da Copa. Ele chegou a pedir o seu corte na véspera do embarque à Europa.
O drama de Zagallo começou
no Maracanã no último coletivo da seleção no país. Ele e Pelé
treinavam no gol. Os dois eram
opções de Feola para substituir
o goleiro Gilmar no banco em
caso de contusão (Castilho era
o reserva genuíno da posição).
No fim do treino, Bellini chutou da entrada da área, e Zagallo pulou para defender. Sem
experiência na posição, a bola
bateu só no dedo indicador e
abriu longa ferida na mão esquerda. Zagallo caiu aos berros.
"Foi um susto imenso. Quando vi o estado em que a minha
mão ficou, o desespero aumentou. Dava para ver alguns ossos.
No hospital, pedia ao médico
para me tirar da viagem. Ele
gritou, pediu para eu parar de
falar bobagem e começou a costurar a minha mão", lembra Zagallo, no salão de jogos do condomínio em que mora no Rio.
Assim como Dino e Pepe, Zagallo tem hoje vida tranqüila,
não como a que teve até os anos
90, quando serviu a ""amarelinha" com fervor sem igual -é o
único tetra de verdade do país.
"Por pouco não perdi a Copa
de 58. Seria uma grande frustração", disse Zagallo, que recebeu 13 pontos e viajou com o
braço na tipóia -a superstição,
em especial com o 13, começou
a marcá-lo já em 1958.
Até Zagallo, que cumpriu importante função tática, admite
ter sido um coadjuvante em 58.
"Teve hora que parei e fiquei
vendo a partida, me tornei um
torcedor privilegiado em campo", diz, sobre Pelé e Garrincha.
E o que dizer de Moacir, meia
que mora no Equador? Grande
nome do Flamengo, foi íntimo
de Pelé: fora do campo, eram
companheiros de quarto.
(RODRIGO BUENO E SÉRGIO RANGEL)
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