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Copa 1958
Líderes, mas sem perder a ternura
Linha defensiva brasileira tinha xerifes que garantiam as estripulias
do ataque, preservando clima cordial
e familiar
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ataque, beneficiado por um
jogador genial com nome de
passarinho (Garrincha), que tinha como pérola o futuro ""Rei"
do futebol (Pelé) e que trazia
um trio de alcunha telegráfica
como Didi, Vavá e Zagallo, todo
mundo sabe de cor. Mas, para
bancar essa tropa e suas estripulias na frente, era a turma do
fundão que fazia valer a força e
a liderança em campo. E sempre fazendo prevalecer um espírito de companheirismo quase familiar no elenco.
Gilmar, Djalma Santos -que
só jogou a final, na vaga de De
Sordi- Bellini, Orlando e Nilton Santos cumpriram bem a
função de manter a ""cozinha"
brasileira sempre arrumada.
Somado a esse quinteto, a defesa ainda tinha a supervisão do
volante Zito, um dos xerifes.
Tamanha vigilância rendeu à
seleção eficiência quando foi
pressionada e resultado prático
em campo: a equipe não levou
gol nos quatro primeiros jogos
e só foi vazada na penúltima
partida, nos 5 a 2 nos franceses.
"Naquela defesa, a cobrança
era muito forte, a começar pelo
meu pai", afirmou Marcelo Neves, filho do ex-goleiro Gilmar,
que hoje mora no Guarujá e
desde 2000 tem parte do corpo
paralisado e a fala comprometida por causa de um derrame.
Segundo Marcelo, além de
um dos líderes, Gilmar se diferenciou por sair do gol nos cruzamentos. "Naquela época os
goleiros não saíam do gol. Meu
pai jogava adiantado e às vezes
era até mais um zagueiro."
O ex-lateral-direito De Sordi,
que hoje mora em João Pessoa,
lembra que roeu todo o osso na
campanha e acabou fora da final por lesão. Mas quem espera
mágoa nas palavras do ex-jogador do São Paulo se engana.
"O time era uma família e ali
atrás a gente não admitia bola
perdida nem brincadeira. A
gente até brincava que quem
mandava no time era a defesa",
afirmou De Sordi, que lembra a
felicidade do título. "Imagina
ficar de fora da final? Mas não
tive como me recuperar. O importante é que o Brasil conseguiu ser campeão do mundo."
Escalado para entrar na decisão, Djalma Santos fala que a
experiência foi fundamental na
campanha. Reserva até ali, ele,
hoje vivendo em Uberaba, lembra do momento em que Didi
foi no fundo do gol pegar a bola
após a Suécia abrir o placar.
"Ele [Didi] falou que não tínhamos chegado à final para
perder e saiu xingando todo
mundo. A defesa manteve a
tranqüilidade e depois ganhamos o jogo e fomos campeões",
afirmou o ex-lateral, que já havia participado da Copa de 54 e
que jogaria ainda em 62 e 66.
Zito, referência como cabeça-de-área e líder, nega ter ajudado em mudanças no time.
""Não tinha nem como acontecer isso. Quem comandava fora
do campo era a comissão técnica", diz o hoje diretor santista.
Ele, porém, não nega as mudanças no país com o título.
"Foi a conquista que lavou a alma do brasileiro. A primeira
sempre é a melhor. Foi o título
mais importante para o Brasil."
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