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CONCORDÂNCIA
Vida melhorou em Raposo Tavares e Vila Leopoldina
Com perfis econômicos distintos, locais são recordistas da zona oeste no quesito; 70% avaliam que
a situação está melhor
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Raposo Tavares e Vila Leopoldina empatam como os distritos da zona oeste onde mais
moradores acham que a vida
melhorou nos últimos cinco
anos, 70%, e este é um dos poucos pontos que ambos têm em
comum. A média da região neste quesito é de 63,9% e a da cidade, de 64%.
Em Raposo Tavares, metade
da população pertence à classe
C (50%), a maior parcela tem
renda familiar de até dois salários mínimos (29%) e apenas
13% têm ensino superior completo. Na Vila Leopoldina, 44%
pertencem à classe B, a maior
parcela entre as famílias (19%)
ganha entre dez e 20 salários
mínimos e 43% completaram o
ensino superior.
"Com a classe média maior,
comércios locais têm mais condições de se sustentar. Ao mesmo tempo, áreas livres fora dos
bairros nobres já ocupados são
procuradas e acabam aumentando o padrão de renda desses
bairros periféricos", afirma a
economista Ana Maria Castelo,
da FGV Projetos, unidade da
Fundação Getúlio Vargas, referindo-se ao estudo "A Nova
Classe Média". Apresentada há
menos de um mês, a pesquisa
constatou que a classe média
brasileira cresceu de 42,26%
para 51,89% entre 2004 e 2008,
comportando quem ganha entre R$ 1.064 e R$ 4.591.
Castelo relaciona o crescimento dos serviços ao de renda, com reflexo no boom imobiliário, especialmente na Vila
Leopoldina e no Jaguaré, distrito vizinho que tem se valorizado no mercado imobiliário.
Segundo dados da Embraesp
(Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio), a região valorizou 63% na última década,
maior índice entre os distritos
paulistanos.
Na Vila Leopoldina, o mesmo
adensamento que trouxe melhorias começa a preocupar
moradores, como a dona-de-casa Meire Silva, 28. "Aqui tenho tudo perto e moro em casa.
Mas já começa a ter sombras
por causa dos prédios, cada vez
mais construídos", diz.
Farmácia
Raposo Tavares também viu
crescer a oferta de comércio e
serviços. Há um ano, a vendedora Luciana Alves, 24, tinha
que esperar até de manhã se
precisasse de um remédio, pois
não havia drogaria aberta à noite no Jardim João 23, que integra o distrito. "Hoje, tem farmácia e supermercado pelo
menos até as 21h30", diz.
Mãe de três filhos, ela diz ter
sentido alívio maior após a
abertura da AMA (Assistência
Médica Ambulatorial) Jardim
São Jorge, onde levou a mais
nova, de dois anos, a pé, quando
ela teve pneumonia. Antes, precisava ir de ônibus e andar um
quilômetro a pé até chegar ao
hospital da USP.
Outro destaque em Raposo
Tavares é a sensação de segurança: 23% dos moradores dizem ser esta a principal qualidade do distrito, a segunda
maior taxa da cidade, empatada com Mooca e um pouco
atrás de Parelheiros (24%).
Ainda assim, a nota para o
quesito, 4,5, só fica um pouco
acima da média municipal
(4,3). O sociólogo Marcelo Batista Nery, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, não vê
contradição. "A redução da violência na cidade, desde 2001,
permite a percepção, mas é
normal que o morador acostumado a uma incidência maior
dê uma nota apenas razoável,
quando um grau alto se torna
médio."
(JP)
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