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DISCORDÂNCIA
Ricos se queixam dos carros; classe C, de sinalização
Distritos mais abastados reclamam do excesso de veículos; os demais sofrem com a falta de placas e semáforos
TALITA BEDINELLI
JOÃO PEQUENO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A confusão de carros nas ruas
João Cachoeira e Tabapuã fez,
recentemente, o zelador Flávio
Nascimento, 31, ligar preocupado para a mulher Vera Fratta, 34, que não chegava em casa.
Grávida, ela levou uma hora
para voltar do trabalho, um trajeto de pouco mais de dois quilômetros. "Achei que tivesse
acontecido algo, mas era só esse cruzamento", conta.
O trânsito que afligiu Nascimento foi a principal queixa na
zona oeste: 19% dos moradores
disseram que os congestionamentos constantes são o maior
problema de onde moram -a
média da cidade é de 11,9%. Os
campeões de queixas não só da
região mas da cidade são Itaim
Bibi (30%), Vila Leopoldina
(30%) e Jardim Paulista (27%).
O problema, porém, tem características distintas em cada
distrito. Nos mais abastados, as
queixas sobre trânsito são motivadas pelo excesso de carros
nas ruas; nos menos favorecidos, pela falta de sinalização.
"Em locais mais periféricos,
há menos semáforos e dispositivos de segurança do que nos
locais mais densos e com maior
nível de renda", diz o especialista em mobilidade urbana
Flamínio Fichmann. "A sinalização ajuda a privilegiar a diminuição de congestionamento.
Nos locais mais adensados, são
instalados os semáforos mais
sofisticados e a sinalização
mais eficiente", explica.
No Itaim Bibi, onde o zelador
mora, 20% dos moradores dizem que o pior do distrito é o
excesso de veículos.
A grande quantidade de carros também esteve entre as
principais queixas de Jardim
Paulista (17%), Perdizes (13%)
e Pinheiros (12%).
É justamente no Jardim Paulista, no Itaim Bibi e em Pinheiros que está concentrado o
maior número de pessoas da
região que ganha entre 20 e 50
salários mínimos -19%, 18% e
14%, respectivamente.
O excesso de carros nessas
áreas também é acompanhado
pelo crescimento imobiliário.
No Itaim Bibi, surgiram só no
ano passado 938 novos apartamentos, de acordo com a Sempla (Secretaria Municipal de
Planejamento). Em Perdizes,
847; no Jardim Paulista, 274; e,
em Pinheiros, 199.
Falta de sinalização
O grande número de veículos
não é o único problema relacionado ao trânsito na zona oeste,
segundo os moradores.
Em Jaguara e no Rio Pequeno, a falta de sinalização -como lombadas, semáforos e placas de cruzamento- foi a reclamação de 10% e 6% dos pesquisados pelo Datafolha nos dois
distritos, respectivamente.
"Toda sexta, a fila de carros
aqui dá um quilômetro", conta
o aposentado Nilo Villalba, 65,
referindo-se aos arredores da
praça Nair Zampieri Carbonato
(Jaguara), onde se encontram
as ruas Paúva, Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança e
Arantes Monteiro, perto de um
acesso à rodovia Anhangüera.
O congestionamento, ressalta ele, é causado pela ausência
de semáforo. Na avenida dos
Remédios, uma das principais
da região, o maior problema é a
falta de placas. Para chegar a ela
pela avenida Presidente Kennedy (marginal Tietê) é preciso
seguir um labirinto de ruelas.
"Todo dia tem gente aqui
perguntando como chegar à
avenida dos Remédios", afirma
o contador Norberto de Albuquerque.
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