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No busão

Estrangeiros trocam avião por ônibus para economizar ou apreciar paisagens do país

EDUARDO OHATA DE SÃO PAULO

As rodoviárias do país ganharam um cenário diferente nas últimas semanas. Em meio ao movimento de passageiros locais, apareceram também alemães, franceses, americanos, japoneses e ganenses, entre outros.

São torcedores que preferem encarar até 32 horas dentro de um ônibus para apreciar as paisagens brasileiras.

Ou economizar, pois evitam tanto o preço das passagens aéreas quanto podem cortar uma diária de hotel --ainda que passar a noite numa poltrona não tenha o mesmo conforto de uma cama.

Segundo o Ministério do Turismo, o fluxo de passageiros rodoviários deve aumentar 30% (para 1,1 milhão) durante a Copa do Mundo.

Nas rodoviárias, os estrangeiros têm alegrado o ambiente. Mas também reclamam das condições de algumas instalações e de estradas, além dos atrasos nos trajetos e da dificuldade para comunicação (funcionários em geral só falam português).

TURISMO

Os alemães Clemence, 49, e Cristian, 46, decidiram usar o ônibus para ir de Salvador para Fortaleza (1.185 km) "para conhecer o interior".

Outros compatriotas queriam driblar os preços salgados das viagens aéreas. O trecho entre a capital baiana e a cearense sai R$ 220 de ônibus ou até R$ 1.650 de avião.

"É muito mais barato. O problema é que o ônibus não é pontual. E são apertados e não muito limpos", afirmou o professor mexicano Misael Gusman, 27, que desembolsou R$ 47 na passagem de Fortaleza ao Recife.

A pontualidade também foi o ponto fraco citado pelos franceses Julian Lopes, 26, e Mickael Leger, 27, que embarcaram no Rio de Janeiro para uma viagem estimada em 24 horas até Salvador, mas que se estendeu por 32 horas --de avião, levaria duas horas.

"O ônibus parou muito no caminho. De três em três horas parávamos em alguma cidade", disse Mickael.

LADO BOM

O clima de festa, porém, atenua o problema para alguns dos turistas. O escriturário de Los Angeles (EUA) George Domingues, 31, esperava viajar por 12 horas entre Fortaleza e Recife, mas o trajeto se estendeu por duas horas a mais. O ônibus quebrou. "Ao menos ganhamos duas horas de sono", brincou.

"De avião é mais caro. Havia lido sobre a condição das estradas, mas não são tão ruins", disse Domingues.

O japonês Ken Utsumi, 36, de Tóquio, tem opinião diferente sobre as rodovias brasileiras, após andar pelo Maranhão. "Foi terrível. O ônibus não parava de balançar, atrasou e só paramos para comer durante cinco ou dez minutos. Não dá tempo", disse ele, funcionário de uma empresa de intercâmbio.

FESTA

Em São Paulo, um festivo grupo de torcedores de Gana se tornou atração no terminal do Tietê na sexta-feira (20) enquanto esperava seu ônibus partir para Brasília.

Com perucas nas cores de sua bandeira, camisetas da torcida oficial da seleção de Gana ("Misugha") e roupões tradicionais, eram assediados para fotos e chamavam a atenção de quem passava.

"Quem diria que ia encontrar o clima da Copa logo aqui na rodoviária", festejou uma das "tietes", a modelo e atriz Aline Spagnolo, 28, que retornava de Limeira. "Não se vê isso no resto de São Paulo."

O finlandês Christian Zambetakis, 26, funcionário da companhia de logística DHL, disse que prefere estradas pois pode aproveitar o deslocamento "para conhecer e apreciar" a paisagem. "Estamos aqui não só pelo futebol mas também por turismo."


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