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Furioso
Felipão reclama da arbitragem e dos adversários, diz que 'não aguenta mais' e que vai voltar ao seu estilo 'agressivo' no banco de reservas
Luiz Felipe Scolari vai deixar de lado o estilo mais sóbrio adotado por ele nesta Copa do Mundo até agora.
Logo depois da classificação da seleção brasileira para as quartas de final, o treinador reclamou da arbitragem e dos adversários e afirmou que voltará a ser "agressivo" no banco de reservas.
"Estamos sendo muito cavalheiros, muito educados com os estrangeiros. Está na hora de mudar um pouco o nosso discurso. Não devemos ser apedrejados por técnicos, jogadores e imprensa estrangeira", disse o treinador.
No segundo tempo, o brasileiro foi xingado várias vezes pelo auxiliar técnico do Chile, o argentino Sebástian Beccacece. "Está na hora de voltar um pouco ao meu estilo. Você sabe qual é?", questionou Felipão a um jornalista estrangeiro. "É agressivo. Não estou conseguindo aguentar mais."
O técnico da seleção reconheceu a pressão de jogar o Mundial no próprio país.
"Não é fácil jogar em casa. Assumimos a responsabilidade de que temos de ser campeões. O povo abraçou essa ideia. Podíamos fugir do assunto, mas, quando se faz uma promessa, tem de ir até o fundo", afirmou Felipão.
"Existe uma tensão, uma dificuldade, uma apreensão... Faltam três jogos para atingir o céu", acrescentou ele, que reclamou das falhas do time no Mineirão.
Antes do jogo, ele repetia: "Nesta fase, não podemos cometer erros". Mas a seleção abusou das falhas, que quase culminaram na eliminação. Desorganizado e deixando espaços para o Chile construir as jogadas, o time precisou cometer 28 faltas para parar os avanços do rival.
O atacante Hulk e os laterais Daniel Alves e Marcelo foram os protagonistas dos lances mais problemáticos do time. O gol do Chile começou numa falha de passe de Hulk próximo da área brasileira.
Segundo Felipão, o erro do jogador do Zenit "é algo que não se admite no nível mundial como o nosso".
Daniel Alves e Marcelo conduziram as bolas para o meio e não conseguiram produzir jogadas ofensivas. Pior: deixavam muitos espaços para os alas e atacantes chilenos trabalharem a bola.
Outro que decepcionou foi Fred. Sem fazer o papel de pivô nem gerar perigo ao gol chileno, foi substituído por Jô, outro que pouco fez.
ARBITRAGEM CRITICADA
Felipão e o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira não esconderam a irritação com o juiz inglês Howard Webb, que anulou um gol de Hulk no segundo tempo.
"Se vamos ser campeões, não sei. Se não querem, tudo bem. Mas a arbitragem tem de ser igual para todo mundo", esbravejou Felipão.
"Se existe algum complô, e eu não estou dizendo que existe, esse complô é contra o Brasil, e não a favor. Está incomodando alguém que a gente seja hexacampeão. Isso vai aumentar ainda mais nos próximos jogos. Vocês viram hoje em campo o que aconteceu", disse Parreira.
FOLGA SEM ÁLCOOL
Os jogadores vão aproveitar o domingo (29) de folga.
"[A folga] é um descanso para a cabeça dos jogadores. Faz parte do treinamento esse repouso, esse tempo com os familiares. Eles jogaram 120 minutos, precisam disso", afirmou o médico da seleção, José Luiz Runco.
Os atletas receberam uma orientação especial, segundo o zagueiro e capitão Thiago Silva: evitar consumir álcool.
"O Felipão fez esse pedido, de evitar o álcool nessa reta final nos dias livres. É para melhorar na recuperação de um jogo para o outro", disse o beque, que é evangélico.
A reapresentação está marcada para segunda-feira (30), às 11h, na base aérea do Galeão, no Rio. Depois, os atletas sobem a serra para Teresópolis, em ônibus da Fifa.