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Holanda e México jogam sob sombra de estigma
Seleções, que se enfrentam em Fortaleza neste domingo, vivem dilema de jogar bem mas nunca terem ganho uma Copa
Nunca se viu uma Holanda assim. Três vitórias em três jogos, saldo de sete gols --o melhor time da fase inicial.
Nunca se viu um México assim. Com o ouro olímpico de Londres-2012 no peito, arrastou milhares de torcedores para o Nordeste brasileiro e parou os donos da casa.
Nunca se viu, também, um ou outro ganhar a Copa.
Neste domingo (29), um deles vai ficar ainda mais estigmatizado como o time que "joga-como-nunca-e-perde-como-sempre". O vencedor vai ter mais três duelos para se livrar da alcunha.
O jogo em Fortaleza será o quarto dos mexicanos no Nordeste, o que facilitou a invasão da sua torcida. Não é um detalhe: primeiro país a receber duas Copas do Mundo (1970 e 1986), o México só sobreviveu às oitavas quando jogou em casa.
Na antevéspera do jogo, a equipe ganhou um "reforço" cearense. A Holanda usou uma lona para bloquear a visão de parte do gramado num treino secreto, e os jogadores saíram vaiados do estádio.
Outro adversário da equipe europeia deve ser o calor, fator que não chega a assustar os mexicanos. O duelo será às 13h, e a previsão é de sol e sensação térmica de 32ºC.
Por causa disso, os holandeses treinaram durante a semana com sol a pino no Rio, onde estão baseados.
O técnico, Louis van Gaal, disse que o clima vai afetar o jogo. "Tentamos deixar os jogadores tão prontos quanto possível. Isso deve afetar os jogadores mexicanos também, mas eles estão mais acostumados."
No Rio, para se refrescar, os holandeses foram com familiares a um clube da cidade e se divertiram na piscina.
A concentração "aberta" é uma das cartadas dos holandeses para curar a síndrome de perdedores. É a seleção que mais vezes chegou a decisões de Copa sem jamais tê-la conquistado.
A mais dolorida derrota foi em 1974, quando a Laranja Mecânica de Johann Cruyff revolucionou o futebol para na final sucumbir à Alemanha de Franz Beckenbauer. A Holanda voltaria a perder na decisão da Copa seguinte, novamente diante dos anfitriões --a Argentina.
A última das três derrotas foi em 2010, para a Espanha, na prorrogação. "Foi um dos momentos mais difíceis da minha carreira", diz o meia Sneijder, que se casou uma semana depois daquele jogo.
Ele foi o algoz do Brasil naquele Mundial, marcando os dois gols que eliminaram a seleção de Dunga.
Depois de quase ser barrado desta Copa, firmou-se no time e esbanja confiança no título. "Temos uma grande equipe. Por que não podemos ganhar desta vez?"