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PVC na Copa
Autópsia
O tombaço no Mineirão deve servir para discutir o que se passa no futebol do Brasil
O Brasil olhou para o lado quando sofreu o primeiro gol, olhou para baixo envergonhado depois de levar o quinto e a única coisa possível a fazer é tentar olhar para a frente. Difícil!
Ontem, a seleção sofreu sua maior goleada em cem anos de história. Antes, 0 x 6 para o Uruguai em 1920.
Um tombaço!
Logo depois de a Holanda ser desclassificada nas eliminatórias da Copa do Mundo de 1986, houve um congresso para discutir a derrota. Técnico do Ajax, Johan Cruyff xingou Rinus Michels, coordenador da federação, e Leo Beenhaker, o técnico da seleção. Três anos depois, a Holanda foi campeã europeia.
Há tempos, discute-se o que se passa no futebol do Brasil. Por que não se revela como antes, por que o toque de bola não é mais nosso. O tombaço do Mineirão tem de servir pelo menos para pensar sobre isso.
O tamanho do tombo tem a ver com outras coisas. Com a decisão de Felipão de escalar Bernard e despovoar o meio de campo. A escalação agradou a muita gente, mas o resultado foi trágico.
Faltou atenção à bola parada, de onde nasceram 50% dos gols alemães na Copa. Também cuidado com Toni Kroos, o maestro.
Sem meio de campo para prender a bola nem para marcar Toni Kroos, a Alemanha não teve piedade. Ou melhor, teve depois de marcar o quinto gol, porque o placar poderia ser ainda pior.
Não se pode atribuir só às ausências de Neymar e do capitão Thiago Silva a tragédia do Mineirão. Nem dizer que o vexame não tem nada a ver com isso. Em parte tem.
Seria possível sair da Copa do Mundo com um ambiente muito favorável à reconstrução do futebol doméstico. Sofrer a 11ª maior goleada das Copas torna tudo muito pior.
É preciso fazer a autópsia. Entender qual parte do vexame tem a ver com o abalo emocional, com falhas táticas ou com as ausências de Neymar e Thiago Silva.
Qual parte tem a ver com um processo de renovação total necessário para que o futebol do Brasil sobreviva.