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Do terrão ao Japão
De clube sem estádio, CT e passaporte, Corinthians chega ao topo e vira modelo a ser seguido
Campeão mundial ou não, o Corinthians deixará o Japão mais rico e mais famoso.
Um triunfo contra o Chelsea em Yokohama, na decisão do Mundial de Clubes, hoje, às 8h30 (de Brasília), significa elevar a equipe ao hall dos grandes do mundo cinco anos depois de ter enfrentado o rebaixamento para a Série B do Brasileiro.
O time soube se reerguer.
O ambiente conturbado e mambembe do clube, que não priorizava o profissionalismo, transformou-se em uma máquina gerencial.
O pentacampeão Ronaldo, que chegou ao Parque São Jorge em 2008, foi decisivo na edificação desse novo Corinthians, principalmente fora de campo. O ex-jogador atua como "embaixador" ao intermediar acordos com possíveis parceiros comerciais.
Com boas relações políticas, o ex-presidente do clube Andres Sanchez sempre teve acesso ao corintiano e ex-presidente Lula. O trânsito em Brasília ajudou a direção alvinegra a encaminhar a construção do estádio do time, que abrigará a abertura da Copa do Mundo de 2014.
A equipe aposentou o terrão, campo onde eram feitas as peneiras e foram revelados ídolos como o goleiro Ronaldo e o atacante Viola, e gastou quase R$ 30 milhões para montar seu centro de treinamento na zona leste de São Paulo, inaugurado em 2010, ano do centenário.
De time sem estádio, sem CT e sem passaporte, o Corinthians se tornou modelo nacional. Em 2013, com a conquista do Mundial ou não, sua camisa arrecadará R$ 50 milhões em patrocínio, maior valor do país, sem contar outros R$ 300 milhões que o time receberá da Nike até 2022.
Se derrotar o Chelsea, o clube embolsará o equivalente a R$ 10,5 milhões.
É conquistar "o título dos títulos", segundo o presidente do clube, Mário Gobbi. A vitória colocará fim ao estigma de que o time corintiano ganhou apenas o mundo em solo brasileiro, no duelo contra o Vasco, em 2000.
O bicampeonato elevará a equipe ao mesmo patamar do Barcelona, único a vencer duas vezes o Mundial de Clubes da Fifa em seu novo formato.
A diferença do Corinthians para a equipe espanhola é o poder da torcida, sua marca e personagem principal da campanha deste Mundial.
As portas dos hotéis em que o Corinthians se hospedou em Dubai, Nagoya e Yokohama ficaram abertas ao público. Jogadores passeavam pelas ruas acompanhados por jornalistas e torcedores. Sob as ordens de Tite, treinos eram abertos para que os atletas pudessem sentir de perto o apoio dos fãs, que já haviam invadido o aeroporto de Guarulhos para desejar boa viagem aos alvinegros.
A expectativa hoje é de uma nova invasão, como a que aconteceu na última quarta-feira. Pelo menos 20 mil corintianos assistiram ao time vencer, em Toyota, por 1 a 0, os egípcios do Al Ahly.
Pelas ruas do Japão, relatos de pessoas de todas as classes sociais e de todas as partes tentam explicar a paixão que fez a multidão se deslocar a outro continente.
Hoje, milhões de brasileiros -corintianos ou não- acordarão cedo para ver esse Corinthians enfrentar as libras que movem o Chelsea, clube de um bilionário russo, que investiu pesado para ganhar a Copa dos Campeões e chegar até o Mundial.
"Não há momento maior, glória maior do que chegar aqui e ser campeão do mundo. Esta é a mensagem que passo ao time", resume Tite.
NA TV
Corinthians x Chelsea
8h30 Band, Globo, BandSports e SporTV