Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Ary Vidal, técnico do ouro no Pan de Indianápolis-87, morre aos 77

BASQUETE
Treinador impulsionou ofensividade da seleção com os arremessos de 3 pontos

EDGARD ALVES COLUNISTA DA FOLHA

Técnico em uma das vitórias mais festejadas do esporte brasileiro, Ary Vidal morreu ontem, aos 77 anos, em sua residência, no Rio. As causas não foram divulgadas.

Ary Ventura Vidal foi um dos mais destacados técnicos da história do basquete brasileiro. Dirigiu a seleção masculina na campanha da medalha de bronze no Mundial de Manila, em 1978, e na conquista do título do Pan-87.

Nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, em 1987, o time do Brasil superou o dos EUA em uma decisão épica.

Os adversários contavam com jogadores como David Robinson, que logo ingressariam na NBA, a liga profissional americana. Além disso, o rival desfrutava da fama de imbatível em casa e o Pan era uma competição com maior relevância do que a atual.

Vidal nasceu no Rio, em 28 de dezembro de 1935. Jogou basquete de 1948 a 1961, quando iniciou a carreira de técnico, na qual teve como guru Togo Renan Soares, o Kanela. Era formado em educação física e ministrou cursos, palestras e clínicas no Brasil e no exterior.

Antes de técnico, foi estatístico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).Certamente, o conhecimento o ajudou no esporte.

Como já escrevi nesta Folha, até meados dos anos 1980, a bola certeira de quadra valia dois pontos.

Com a introdução da cesta de três pontos, uma decisão atrevida de Vidal, e adequada à nova etapa, impulsionou a mentalidade já ofensiva da seleção, com enfoque na velocidade e arremesso.

ATREVIMENTO

É bom lembrar que o Brasil tinha Oscar e Marcel, exímios arremessadores. Até nos contra-ataques previa chutes de três pontos, que, se falhassem, contavam com jogadores altos no rebote ofensivo.

Com Vidal, a seleção arremessava mais bolas do que os adversários. Portanto, podia desperdiçar mais.

Aos poucos, os rivais absorveram a nova realidade e perderam o receio do uso dos lances de três pontos.

Coincidentemente, a seleção começou a colher fracassos -Vidal já estava fora do time- e a mentalidade ofensiva passou a sofrer críticas.

Com a seleção, ele enfrentou uma forte crise no Pan de Porto Rico-79, quando o time terminou com o bronze.

Ao prestigiar novatos como titulares -Marcel e Oscar, entre outros-, os veteranos discordaram e se rebelaram.

Vidal dirigiu a seleção nacional masculina em 16 competições, e a feminina em 11 jogos (8 vitórias e 3 derrotas).

Em clubes, seu resultado mais expressivo foi a o título nacional com o Corinthians, de Santa Cruz (RS).

DESÍGNIOS SUPERIORES

Embora não fosse religioso praticante, Vidal se considerava um homem de fé e tinha algumas crenças, entre elas em São Judas Tadeu.

Está tudo no seu livro "Basquete para vencedores", que explica a campanha vitoriosa do Pan-87. Pedia proteção ao santo para a família, a equipe e para ele próprio.

Outro ponto de fé era o que chamava de "Desígnios Superiores". Acreditava que trabalhando no limite máximo, e levando sua equipe a seguir esse mesmo ritmo, poderia contar com a ajuda dos "Desígnios Superiores".

Assim foi Ary Vidal, técnico de basquete, que dizia ser, antes e acima de tudo, um otimista, feliz com a profissão e alegre por exercê-la.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página